Amor, zelo e respeito

Relação de amor e cuidado com os pais na velhice?

Seja no Antigo ou no Novo Testamento, vamos encontrar o direcionamento no que diz respeito às relações familiares; e de uma forma especial, quero refletir com você sobre o papel do filho para com os pais quando chega para estes o tempo da velhice.

No livro de Êxodo, Deus direciona o povo de forma muito concreta quando se refere ao zelo que este deve ter com os pais: “Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai dar” (Ex 20,12)

Relação de amor e cuidado com os pais na velhice

Foto Ilustrativa: KatarzynaBialasiewicz by Getty Images

Amor e zelo pelos pais na velhice

Honrar o pai e a mãe não significa para o autor bíblico inspirado por Deus simplesmente homenagear, dar presentes, mas sim servir até o fim da vida com amor e zelo.

Honrar o pai e a mãe é um ato de amor. Os pais ajudam os filhos a crescer e ensinam coisas muito importantes para que tenham uma vida longa. Os filhos que honram os pais e ouvem seus conselhos poderão evitar muitos erros.

Você conhece o quarto mandamento ?

No Catecismo da Igreja Católica, também encontramos direções e ensinamentos que muito podem nos ajudar na busca de uma verdadeira relação de amor para com os nossos pais, principalmente na fase da velhice.

CIC2218:  O quarto mandamento lembra aos filhos adultos as suas responsabilidades para com os pais. Tanto quanto lhes for possível, devem prestar-lhes ajuda material e moral nos anos da velhice e no tempo da doença, da solidão ou do desânimo. Jesus lembra este dever de gratidão (14).
«Deus quis honrar o pai pelos filhos e cuidadosamente firmou sobre eles a autoridade da mãe. O que honra o pai alcança o perdão dos seus pecados, e quem honra a mãe é semelhante àquele que acumula tesouros. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será ouvido no dia da sua oração. Quem honra o pai gozará de longa vida e quem lhe obedece consolará a sua mãe» (Sir 3, 2-6).
«Filho, ampara o teu pai na velhice, não o desgostes durante a sua vida. Mesmo se ele vier a perder a razão, sê indulgente, não o desprezes, tu que estás na plenitude das tuas forças […]. É como um blasfemador que desampara o seu pai e é amaldiçoado por Deus aquele que irrita a sua mãe» (Sir 3,12-16).

CIC2219. O respeito filial favorece a harmonia de toda a vida familiar; engloba também as relações entre irmãos e irmãs. O respeito pelos pais impregna todo o ambiente familiar. «A coroa dos anciãos são os filhos dos seus filhos» (Pr 17, 6). «Suportai-vos uns aos outros na caridade, com toda a humildade, mansidão e paciência» (Ef 4, 2).

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Não fui amado pelos meus pais, e agora?

Independente da sua história com seus pais, das dificuldades relacionais que enfrentaram no passado ou trazem ainda hoje no tempo presente, o convite que lhe faço, hoje, é o de superar-se, de assumir o papel de filho que hoje consegue, na liberdade, dar passos concretos amando seus pais e cuidando deles, mesmo que você não tenha recebido tudo o que desejava e esperava receber deles.

Hoje, a vida lhe concede a oportunidade de escrever uma nova história e colocar em prática o que de fato significa “AMAR”.

Talvez você, hoje, possa ser na vida deles canal do verdadeiro amor, não somente tocando o que diz respeito a cuidados físicos e materiais, mas os seus gestos de amor podem ser instrumentos de cura para o emocional, e ainda mais permitir que eles façam uma experiência viva com o amor que tudo suporta e tudo supera.

Como ajudar de forma concreta no tempo da velhice?

O Papa Francisco, em uma das suas catequeses de quarta-feira, refletiu sobre o que significa esse tempo, e o que de bom é possível extrair. Compartilho este trecho com você:

Concedendo a velhice, Deus doa tempo para aprofundar o nosso conhecimento sobre Ele, a intimidade com Ele a fim de entrar sempre mais em seu coração e abandonar-se a Ele”. Ao mesmo tempo, a velhice é um tempo de fecundidade renovada. O plano de salvação de Deus também se realiza na pobreza dos corpos frágeis, estéreis e sem força. Do ventre estéril de Sara e do corpo centenário de Abraão nasceu o Povo eleito. De Isabel e do velho Zacarias nasceu João Batista. O idoso, mesmo quando fraco, pode ser um instrumento da história da salvação”.

“A velhice não é uma doença, mas um privilégio! A solidão pode ser uma doença que pode ser curada com a caridade, a proximidade e o conforto espiritual.”

A velhice é um tempo de graça, por isso aproveite os momentos que você puder estar com seus pais, promova conversas que gerem vida, ajude para que eles contemplem a história com gratidão e colha com eles as sabedorias que foram sendo adquiridas e que muito podem ajudar a trilhar o presente gerando sempre frutos da caridade Divina.

Encerro com essa frase também do Papa Francisco, que nos ajuda a valorizar esse tempo tão importante na vida dos nossos pais: “Onde não há cuidado com os idosos, não há futuro para os jovens”.

Que a Virgem Maria e São José possam nos ajudar a ser fiéis no cuidado e no zelo pelos nossos pais até o fim da vida.

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