5 dicas

Pais de primeira viagem: como preparar-se para a chegada do bebê?

Para os pais de primeira viagem, assim como nós, gostaria de dar 5 dicas de como preparar-se para a chegada do bebê

Era uma manhã de quarta-feira quando fiz o teste de farmácia. Enquanto o meu esposo Guilherme dormia, eu tomava o meu banho e esperava o resultado. Peguei aquele teste na mão e vi duas listras, o coração acelerou e eu pensei: “estou super grávida”. Uma alegria invadiu meu coração e, imediatamente, comecei a preparar-me para contar ao Guilherme que seríamos pais!

Já havia preparado uma caixa com um body e duas cartas, do bebê e da mamãe, para o papai. Era só acrescentar o teste da farmácia, esperar ele sair do banho e, assim, presenteá-lo com a surpresa. Quando ele abriu a caixa, o vi chorar de emoção, me abraçar, se ajoelhar e fazer uma oração pelo nosso bebê. A nossa vida a partir daquela manhã já não seria mais a mesma.

Pais de primeira viagem: como se preparar para a chegada do bebê?

Fernanda e Guilherme Zapparoli. Foto: Eliane Diniz

A paternidade responsável é uma belíssima aventura, mas que precisa ser vivenciada com comprometimento e oração. Para os papais de primeira viagem, assim como nós, gostaria de dar cinco dicas de como preparar-se para a chegada do bebê.

1 – Falar sobre os filhos no namoro e noivado

Dentre vários assuntos que são essenciais a serem conversados durante o namoro, falar sobre os filhos é um deles. É importante que o casal expresse, de forma particular, os seus anseios, expectativas, medos, inseguranças, quantidade de filhos, a abertura ou não à vida. Não tenhas medo de serem autênticos, pois é preciso ir para o altar consciente sobre esse assunto. Muitas vezes, a não abertura à vida ou os medos estão ligados aos traumas ou votos íntimos, feito na infância ou na juventude. Por isso é fundamental trazer à luz esses conflitos para que seja trilhado um caminho de cura interior.

No dia de receber o sacramento do matrimônio o padre ou diácono pergunta: “Vocês vieram aqui livremente e sem reservas para darem-se um ao outro em casamento? Vocês prometem ser fiéis até a morte? Vocês prometem receber com amor os filhos que Deus vos der?”. A qualidade do cumprimento dessas promessas que serão ou foram feitas no altar, depende desse diálogo realizado anteriormente.

2 – Preparar-se espiritualmente para a gravidez

A gestação começa no coração por meio da oração. Num diálogo com Deus, os pais vão dizendo da abertura dos corações para receberem as crianças que o Senhor quer lhes enviar. A participação da Santa Missa, a oração do Santo Terço, adoração, orações espontâneas são meios de vivenciar essa preparação espiritual. Se perceber que há algum entrave, dificuldade em engravidar, peça que alguém ministeriado em cura interior ou a um sacerdote que reze pelo casal.

O Papa Francisco escreveu no “Amoris Laetitia” o seguinte: “Assim diz o Salmo: ‘Senhor, formaste-me no seio de minha mãe’ (Sl 139/138, 13). Cada criança, que se forma dentro de sua mãe, é um projeto eterno de Deus Pai e do seu amor eterno: ‘Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei’ (Jr 1, 5). Cada criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento em que é concebida, realiza-se o sonho eterno do Criador.

Pensemos quanto vale o embrião desde que é concebido! É preciso contemplá-lo com esse olhar amoroso do Pai, que vê para além de toda a aparência. A mulher grávida pode participar desse projeto de Deus, sonhando com o seu filho: ‘Toda a mãe e todo o pai sonharam com o seu filho durante nove meses (…). Não é possível uma família sem o sonho. Numa família, quando se perde a capacidade de sonhar, os filhos não crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se'”[185].

3 – Estudar sobre a maternidade e a paternidade

Assim como um sacerdote precisa estudar e aplicar-se na filosofia e teologia para ser ordenado, os leigos cristãos que desejam se casar e formar uma família precisam estudar e se informar sobre o que a Igreja Católica e os santos ensinam sobre a paternidade responsável. Qual é a missão dos pais na vida dos filhos? Qual é o projeto de Deus para a sua família? A busca por essas respostas dará o norte para as novas famílias cristãs.

É importante buscar referências seguras e boas sobre a parte humana, como a biologia, psicologia e a educação dos filhos. A informação ajuda a desmistificar os temores e os “monstros” que podem estar no interior dos novos pais. “A criança não vem com um manual”: é uma frase muito dita e, de fato, é verídica. Porém, quanto mais informação os pais tiverem, mais conteúdo o Espírito Santo de Deus terá para iluminar e trabalhar nesse processo. Deus faz a parte dele em orientar, mas cabe aos pais fazerem a parte deles de, também, se informarem.

4 – Viver com alegria os desafios da gestação

Cada gestante é única e irrepetível, portanto, as comparações não são bem-vindas. Aprende-se muito com a experiência do outro, mas cada grávida está vivenciando a sua gravidez de forma particular. Algumas gestantes enfrentam os desafios dos enjoos, mal-estar, dores físicas e oscilação hormonal, outras não sentem absolutamente nada e vivem os nove meses tranquilamente, sem nenhuma alteração no organismo. Não tem certo ou errado; o que existe é a diferença entre cada ser humano que precisa ser respeitada.

Papa Francisco faz um pedido para as mulheres grávidas: “A cada mulher grávida, quero pedir-lhe afetuosamente: Cuida da tua alegria, que nada te tire a alegria interior da maternidade. Aquela criança merece a tua alegria. Não permitas que os medos, as preocupações, os comentários alheios ou os problemas apaguem esta felicidade de ser instrumento de Deus para trazer uma nova vida ao mundo. Ocupa-te daquilo que é preciso fazer ou preparar, mas sem obsessões e louva como Maria: ‘A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva’ (Lc 1, 46-48). Vive, com sereno entusiasmo, no meio dos teus incômodos e pede ao Senhor que guarde a tua alegria para poderes transmiti-la ao teu filho” (Amoris Laetitia, 171).

5 – O pai também fica grávido

Todo o processo da gestação se dá no interior da mulher. É ela quem, de fato, dá do seu corpo, sua carne e seu sangue para a formação do bebê. No entanto, o pai tem um papel fundamental no processo da gestação. Ele é aquele que passará segurança à mãe e ao bebê durante esse processo longo e transformador.

Por mais que o homem realmente compreenderá esse processo de paternidade com o nascimento do bebê, desde a gestação ele tem a capacidade e o dever de participar ativamente dessa formação. Por exemplo: conversar com o neném na barriga da mãe, pois chega uma fase gestacional em que o bebê corresponde às conversas e carinhos realizados na barriga. A voz do pai, por ser mais grave, o acalma no ventre. Ao nascer, quando ele escuta o pai, sente-se seguro, porque reconhece aquele tom de voz.

Para as mulheres que precisam fazer repouso absoluto, por alguma complicação de saúde; que durante os enjoos não conseguem cozinhar ou lidar com os afazeres domésticos, os pais precisam assumir esse papel de ajudante e provedor das necessidades básicas de um lar. Se a família tem condição de pagar alguém que faça o serviço, Deus seja louvado, mas caso contrário, o homem se torna essa referência, porque sabe que sua esposa está fazendo uma das mais belas e sublimes missão que é gerar uma vida.

Durante a bela aventura de gestar filhos, vamos aprendendo que eles não vêm (somente) para aprenderem conosco. Na verdade, eles se tornam nossos formadores e professores que ensinam, de fato, o que é essencial nesta breve vida terrena. Desejo a vocês uma boa gestação, um bom pós-parto e que Deus possa nos conceder a graça de educarmos os nossos filhos para o Céu.