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Atualmente, as pessoas ainda rezam todos os dias?

A resposta pode ser positiva para uns e negativa para outros.

Nos últimos dois anos, devido ao contexto de pandemia e, mais recentemente, com a guerra na Ucrânia, muito se viu os fiéis recorrendo mais fortemente à oração a partir de inúmeras iniciativas on-line para estarem, de certa forma, em união. Quantas não foram as lives, os encontros, os terços e as Missas transmitidos?!

Na história da humanidade, seja em tempos de guerras, doenças, perseguições etc., é perceptível as pessoas se agarrarem mais à fé. O que é bonito e muito louvável. Sinal de que, em meio a toda crise, somente Deus é o sustento e a rocha firme onde devemos nos apoiar. O Salmo 18 expressa a súplica e a confiança dos corações em seus momentos de tribulação:

“Eu vos amo, Senhor, minha força! O Senhor é o meu rochedo, minha fortaleza e meu libertador. Meu Deus é a minha rocha, onde encontro o meu refúgio, meu escudo, força de minha salvação e minha cidadela. Invoco o Senhor, digno de todo louvor, e fico livre dos meus inimigos. Circundavam-me os vagalhões da morte, torrentes devastadoras me atemorizavam, enlaçavam-se as cadeias da habitação dos mortos, a própria morte me prendia em suas redes. Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei para meu Deus: do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu clamor em sua presença chegou aos seus ouvidos.” (Sl 18,2-7)

Foto Ilustrativa

Como está sua vida de oração?

Graças a Deus, muitas orações movimentam o céu! É a intercessão constante dos religiosos nas clausuras ou nos conventos; sacerdotes que assumem a pessoa de Cristo no sacrifício do altar e oferta ao povo de Deus; a vida literalmente doada pelos cristãos perseguidos; o clamor de tantas famílias por seus filhos; as preces pelos fiéis defuntos… enfim, muitas são as manifestações de oração sob diferentes formas, palavras e instrumentos.

Contudo, o tempo pandêmico pode ter representado um esmorecimento para muita gente. A falta de contato presencial, de participação das Missas e o isolamento desenharam uma conjuntura para esse desânimo na oração. Obviamente, sabemos que muitos foram os efeitos psicológicos, sociais e econômicos. Tempos muito difíceis, que abalam estruturas externas e internas! Mas não é aí que deve a fé ser exercitada? Não são os momentos de dificuldades que nos levam ao reconhecimento da nossa pequenez e fragilidade humanas, e que somos dependentes do Deus Altíssimo?

A oração vem do coração

O Catecismo da Igreja Católica define com belas palavras o que é a oração nos seguintes parágrafos:

2562. De onde procede a oração do homem? Seja qual for a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que ora. Mas para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam, às vezes, da alma ou do espírito ou, com mais frequência, do coração (mais de mil vezes). É o coração que ora. Se ele estiver longe de Deus, a expressão da oração será vã.

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2563. O coração é a morada onde estou, onde habito (e segundo a expressão semítica ou bíblica, aonde eu «desço»). É o nosso centro oculto, inapreensível, quer para a nossa razão quer para a dos outros: só o Espírito de Deus é que o pode sondar e conhecer. E o lugar da decisão, no mais profundo das nossas tendências psíquicas. É a sede da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte. É o lugar do encontro, já que, à imagem de Deus, vivemos em relação: é o lugar da aliança.

2564. A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem; jorra do Espírito Santo e de nós, toda orientada para o Pai, em união com a vontade humana do Filho de Deus feito homem.

Ser orante

Portanto, se compreendo que o meu coração é o lugar mais profundo onde Deus habita, não há dúvida: a minha vida e o meu ser devem ser todo oração! Tudo em mim precisa girar em torno dessa intimidade com o Senhor. Se tenho a consciência de quem é Cristo em minha vida, se O coloco como centro da minha existência e desejo sempre renovar meu encontro pessoal com Ele, rezar torna-se tão natural como o ar que respiro! Mais do que “fazer”, torna-se “ser”: ser orante; ser todo de Deus; ser para o outro; ser intercessor; ser íntimo d’Ele.

Consequentemente, não há pandemia, guerras, morte, tribulação que vão me afastar! Ao contrário, a provação gera fidelidade.

“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou. Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8, 35.37-39)

É assim que entramos e permanecemos no centro da nossa existência: o amor de Deus! É assim, na comunhão com a Santíssima Trindade, que nós peregrinos nesta terra, ou seja, a Igreja Militante, intercedemos pela Igreja Padecente, pois temos uma meta final: estarmos todos, um dia, reunidos na Igreja Triunfante!
Por isso, sejamos oração, busquemos a oração, desejemos a oração!