Saudade de Deus

A minha alma tem sede de Deus

Que nossa alma nunca se esqueça de onde veio e para onde deve voltar

O Salmo 62 reflete, perfeitamente, a dimensão espiritual do homem. Isso mesmo. Não somos somente corpo e psique, possuímos também uma dimensão espiritual que abrange todo o nosso ser e nos envolve por completo.

Uma das funções dessa dimensão espiritual é buscar o sentido último de nossa vida, ou seja, a nossa volta à casa do Pai. Somos criaturas, somos criados, gerados e feitos para uma finalidade e, quando isso se cumpre e chegamos ao fim dessa missão, o que nos resta é voltarmos ao nosso Criador. É por isso que o salmista insiste que nossa alma, isto é, o mais íntimo do nosso ser tem sede de Deus.

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Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Nossa alma anseia por cumprir sua missão. Primeiro, por cumprir a finalidade para qual foi criada; depois, para poder estar na “casa do Pai”, na presença d’Ele. Vamos exemplificar isso com a seguinte metáfora: Um jovem foi enviado por seu pai a uma terra distante para resolver assuntos de interesse de sua família. Ele foi sem data para retornar, pois não se previa o tempo que levaria para resolver esses problemas. Fez suas malas levando em conta o tempo e as circunstâncias pelas quais iria passar. Como não sabia quantos dias ficaria nessa terra distante, levou fotografias dos entes queridos, os números de seus telefones e até mesmo um notebook para poder se comunicar com eles. Ao chegar a seu destino, foi logo se ocupar de sua missão. Os dias foram se passando e a saudade chegando. Ele usou de seus recursos para manter contato com a família.

A cada contato, acontecia-lhe algo estranho: assim que falava ou via a fotografia de alguém, sentia uma emoção forte e certo alívio, mas, assim que o contato se interrompia – afinal, havia uma missão a ser cumprida e precisava da presença dele – ele sentia, em seu peito, um aperto imenso e uma vontade louca de voltar à presença das pessoas das quais gostava.

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O tempo passou e, finalmente, o jovem cumpriu sua missão. No mesmo instante, preparou-se para voltar. E como demorou a volta! No caminho, foi recordando cada detalhe de sua casa, de sua família e, principalmente, de seu pai. Ao chegar à porta de casa, largou, ali mesmo, sua bagagem e correu para dentro, a fim de abraçar o pai e os demais familiares. Percorreu toda a casa, entrou em seu quarto, esticou-se em sua cama e pensou: “Missão cumprida! Estou de volta à casa de meu pai”.

O contato que temos com Deus, seja na Eucaristia, na oração ou por meio dos sacramentos, faz com que aliviemos a saudade d’Ele, mas não nos completa. Essa sensação de “completo” só teremos após o encontro definitivo com o nosso Criador.

Que nossa alma nunca se esqueça de onde veio e para onde deve voltar, que ela anseie, cada vez mais, pelo Deus vivo! Enquanto não podemos abraçá-Lo, vamos visitá-Lo no Sacrário, pois nosso Criador também tem saudade de nós e nos espera ansioso. Lembre-se: há uma missão a ser cumprida.

Mara Lourenço – Comunidade Canção Nova