peça o auxílio do espírito

A oração em línguas é um dom do Espírito Santo

“Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus” (Rm 8,26-27).

A oração em línguas é um dom do Espírito Santo (1Cor 12,10). São Paulo faz várias citações sobre esse carisma e sua importância para quem o põe em prática. Vemos o apóstolo delongar-se na instrução aos coríntios sobre o uso do dom das línguas e na correção aos exageros que, por vezes, ocorriam; podemos perceber que esse era um dom usado com muita frequência, um dom muito comum para eles, e assim o foi, nos primórdios, para a Igreja.

Contudo, durante muito tempo, esse dom ficou esquecido e até parecia ter desaparecido do seio da Igreja, mas, novamente, essa forma de oração tem ganhado expressão e é cada vez mais comum a sua prática em meio à Renovação Carismática.

A oração em línguas é um dom do Espírito Santo

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Peça o auxílio do Espírito!

Quantas vezes nos vemos perdidos, sem saber como rezar? Faltam-nos as palavras. Outras vezes, começamos a louvar a Deus e não somos capazes de permanecer nem sequer cinco minutos em Seu louvor. Outras, ainda, sentimos o coração quase a sair do peito de tanta vontade de falar com o Senhor, mas toda palavra que nos chega à boca parece ser insuficiente. É bom saber que não estamos sozinhos, pois o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza, porque não sabemos o que devemos pedir nem orar como convém, Ele mesmo se dispõe a orar em nós.

Trata-se do próprio Deus, que habita em nosso coração e ora em nós. Diz a Sagrada Escritura que Ele o faz com gemidos inefáveis, de maneira que a inteligência humana é incapaz de entender. São gemidos, sílabas que se combinam de maneira ininteligível, mas de grande significância.

É Deus que, sendo Pai e conhecendo o nosso coração (aquilo de que verdadeiramente necessitamos, mesmo que não tenhamos consciência disso), quer nos levar a uma oração profunda.

Não quero que vivais na ignorância

São Paulo fala num tom quase imperativo, dizendo: “A respeito dos dons espirituais, irmãos, não quero que vivais na ignorância” (1Cor 12,1).

Não há equívocos. Logo abaixo, ele cita os nove carismas ou, como disse, os dons espirituais: falar em línguas, interpretar as línguas, profetizar, palavra de ciência, palavra de sabedoria, discernimento dos espíritos, graça de curar as doenças, fé e milagres. São Paulo não faz exceções, e podemos ouvir, ainda, as suas palavras retumbarem dentro de nós.

Sempre aprendi que quem sabe fazer o bem, mas não o faz peca. É mau permanecermos na ignorância. O mínimo que podemos fazer é, sinceramente, abrir o nosso coração ao conhecimento e dizer a Deus: “Mostra-me, Senhor! Ensina-me, pois há muitas realidades que eu nunca experimentei, há muitas dúvidas em mim, mas estou disposto a reconhecer que nada sei de Ti”.

Considerando que, para a Sagrada Escritura, “conhecer” equivale a “experimentar”, podemos dizer que São Paulo nos desafia como quem diz: “Quero que experimentem estes carismas, que experimentem o dom de orar em línguas”.

Há muitos que dizem não querer saber de dons, que a caridade lhes basta, como se essa se contrapusesse aos carismas e vice-versa. São Tiago levanta uma questão: “Mostra-me a tua fé sem obras, que lhe mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. Penso que o mesmo se aplica à caridade e, por vezes, pergunto-me se há caridade quando abdico dos meios sobrenaturais que Deus colocou à disposição de todos os fiéis cristãos para o serviço dos outros, deixando-os perecer pela necessidade ou mesmo prestando socorro meramente humano ao que carece de cuidados divinos.

O Espírito Santo nos ensina: “Empenhai-vos em procurar a caridade. Aspirai igualmente aos dons espirituais…”. Devemos aspirar à caridade na mesma intensidade, da mesma forma e profundidade que aos dons espirituais (que acabam por ser uma operação da própria caridade).

Aquele que ora em línguas não diz coisas que a inteligência humana seja capaz de compreender, a sua oração brota do seu coração, do seu espírito, rumo ao coração de Deus; ninguém o compreende, nem mesmo ele próprio, porque diz coisas misteriosas sob a ação do Espírito Santo. Há aqui um obstáculo para as pessoas que racionalizam tudo em demasia. Essa oração é uma humilhação para a inteligência. Quantas pessoas, ao orar em línguas, perguntam a si mesmas se não estão fazendo papel de estúpidas, até mesmo se sentem ridículas por consentir em iniciar tal forma de oração. Contraditório seria entendê-la quando a Sagrada Escritura diz que não é possível fazê-lo.

Felizes são aqueles que se arriscam e se aventuram, mesmo quando os sentimentos contrariam a intenção de se lançar nessa maravilhosa experiência, já que aquele que assim reza edifica-se a si mesmo. Todos os outros carismas são para as outras pessoas; a oração em línguas é o único carisma voltado para a edificação pessoal. Convém não o desperdiçar.

Costumamos responder: “Graças a Deus!” ao final da leitura do trecho da Sagrada Escritura, principalmente na liturgia da Santa Missa, quando o leitor diz: “Palavra do Senhor”. Se reconhecemos que as cartas de São Paulo são Palavra do Senhor, temos que nos dobrar ante o Senhor da Palavra que diz: “Desejo que todos vós faleis em línguas…”.

É bom saber

É bom saber que quem ora em línguas não sai de si, não fica inconsciente, não entra em transe nem perde o controle sobre os seus membros, pois nosso Deus é o Deus da ordem e da liberdade e quer fazer tudo com a cooperação das pessoas que tanto ama. Essa cooperação inclui a iniciativa de começarmos a oração e nos dispormos a nos deixar conduzir, permitindo que a nossa oração flua e que as novas sílabas venham surgindo sem nos preocuparmos com o seu significado, somente com o amor com que são pronunciadas num coração reverente e adorador.

Como a árvore é conhecida pelos frutos, é útil estarmos atentos ao que produz essa oração em nós: se há paz, alegria, amor etc. Excelentes lugares para viver tal experiência são os grupos de oração da Renovação Carismática Católica.

Quanto ao “dom de línguas”, o próprio nome já nos dá uma sugestão: “dom”; se é dom, a única coisa que podemos fazer é recebê-lo, e há melhor maneira do que pedir? Peçamos ao Senhor, com um coração desejoso e cheio de esperança, que nos dê o dom das línguas.

Algumas citações para aprender com a Sagrada Escritura: At 2,4; At 10,44-46; 1Cor 12,4-11; 1Cor 14,1-5.

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Vale a pena refletir: O que é o dom de línguas? Quem é edificado com o dom de línguas? Quem entende o que diz essa oração? A quem Deus quer dar esse carisma?

Observação: Você pode deixar que esse carisma sempre atue em você, em qualquer hora e lugar (com ordem e prudência, é claro), mas é bom fazer o propósito de ter um momento especial todos os dias em que possa exercitá-lo.

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