A vontade de Deus para nossa vida

Não sejamos desertores da vontade de Deus

Tomai cuidado, diletos, para que os benefícios de Deus, tão numerosos, não se tornem condenação para todos nós, se não vivermos para ele de modo digno e não realizarmos em concórdia o que é bom e aceito diante de sua face, pois foi dito em algum lugar: “O Espírito do Senhor é lâmpada que perscruta as cavernas das entranhas” (Pr 20,27 Vulg.).

Consideremos quão próximo está e que nada lhe é oculto de nossos pensamentos e palavras. É, portanto, justo que não sejamos desertores de Sua vontade. É preferível ofendermos os homens estultos e insensatos, soberbos e presunçosos na jactância de seu modo de falar, a ofender a Deus.


Assista: A vontade de Deus é diferente das vontades humanas


Veneremos o Senhor Jesus, cujo Sangue foi derramado por nós, respeitemos nossos superiores, honremos os anciãos, eduquemos os jovens na disciplina do temor de Deus, encaminhemos nossas esposas para todo o bem. Manifestem o amável procedimento de castidade, mostrem seu puro e sincero propósito de mansidão, pelo silêncio deem a conhecer a moderação da língua, tenham igual caridade sem acepção de pessoas para com aqueles que santamente temem a Deus.

Participem vossos filhos da ciência de Cristo. Aprendam que grande valor tem para Deus a humildade, o poder da casta caridade junto d’Ele, como é bom e imenso Seu temor, protegendo a todos que n’Ele se demoram na santidade de um coração puro. Ele é o perscrutador dos pensamentos e resoluções da mente. Seu Espírito está em nós, e, quando quer, retira-o.

A fé em Cristo tudo confirma. Ele, pelo Espírito Santo, nos incita: “Vinde, filhos, ouvi-me; ensinar-vos-ei o temor do Senhor. Qual é o homem que quer a vida e deseja ver dias bons? Afasta tua língua do mal e não profiram teus lábios a mentira. Desvia-te do mal e faze o bem. Busca a paz e persegue-a” (Sl 33,12-15).

Misericordioso em tudo, o Pai benigno tem amor pelos que O temem, concede com bondade e doçura Suas graças àqueles que se aproximam d’Ele com simplicidade. Por isso não sejamos fingidos nem insensíveis a Seus dons gloriosos.

São Clemente I, Papa e Mártir – Século I