Belezas

O amor, as rosas e os espinhos que fortalecem o perdão

O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração, os quais, sozinhos, jamais poderíamos enxergar

O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida e eu, então, saberei dizer quem você mais amou.

O amor é a equação em que prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, mas, mesmo assim, olha nos olhos dele e diz: “Mesmo fazendo tudo errado, eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto”.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O poder do amor

O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração, os quais, sozinhos, jamais poderíamos enxergar.

O poeta soube traduzir bem quando disse: “Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim, talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!”

Bonito isso! Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar, só porque o outro me emprestou os olhos, socorreu-me em minha cegueira. Eu possuía e não sabia. O outro me apontou, deu-me a chave, entregou-me a senha.

Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos. Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las.

Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios. Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e, por isso, cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado.

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Silêncio

A cada dia, o jardineiro perdoa suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois.

Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo nem tampouco fora do cultivo. Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras. Se não há flores, talvez seja porque, até então, ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira.

A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas.

Quem quiser levar a rosa para sua vida terá de saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe! A beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos ou não.


Padre Fábio de Melo

Padre Fábio de Melo, sacerdote da Diocese de Taubaté, mestre em teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa “Direção Espiritual” na TV Canção Nova. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.