Aprendizado

A cura interior gera um ambiente familiar saudável

Proporcione a sua família um ambiente saudável e feliz com a cura do seu interior

Uma alma e um coração curados podem nos fazer verdadeiramente livres e felizes? Inicio este artigo com esta provocação, que é um fato: Todos nós queremos ser felizes! Mas será que todos querem trilhar um caminho de cura que possibilite tal felicidade?

Na vida, há dois jeitos de sofrer:

1º) Sofrer por ajeitar a vida, assumindo as consequências que ela nos impõe;

2º) Sofrer por viver a vida desajeitada.

A cura interior gera um ambiente familiar saudável

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Veja bem: quem “sofre” organizando a vida certamente colherá os frutos desse tempo, mas quem vive continuamente a vida “empurrando-a com a barriga” dificilmente colherá algo de bom.

Por exemplo: tem gente querendo se casar e ter filhos, sem, no mínimo, se perguntar se, de fato, é chamado para isso. Ou até pode ser chamado a uma vida familiar, mas, antes de dar esse passo tão decidido na vida, proponho-lhe perguntar-se: será que, hoje,  você tem condições de assumir todas as consequências de tal escolha? Talvez, você esteja carregando fardos pesados do passado e, com isso, remoendo culpas que o asfixiam e impedem de ter uma vida nova.

Trazemos, por algum motivo, traumas, dores, feridas na alma e no coração, as quais, muitas e na maioria das vezes, têm origem nos primeiros anos de vida. Especialistas garantem que a etapa mais importante para a formação de um psiquismo saudável se estrutura nos três primeiros anos de vida e se dá, principalmente, pelos relacionamentos que tivemos com pai, mãe, irmãos e pessoas próximas. Talvez, hoje, você esteja sofrendo consequências desses anos e dos relacionamentos que viveu. Não é hora de buscar culpados (pai, mãe etc.), mas sim viver a grande oportunidade de reelaborar a vida.

Testemunho

Hoje, sou mãe de uma linda menina de seis meses. Quanta dedicação e empenho com ela! No entanto, mesmo com todo cuidado que tenho e tentando ser uma mãe suficientemente boa, nem sempre acerto; às vezes, cansada e impaciente, acabo não dando o que ela precisava de mim. Então, preciso nessa hora olhar para dentro de mim, sem culpa, mas com coragem de reorganizar meu interior.

Para sermos boas esposas, bons esposos, pais e mães, temos de ter a coragem de realinhar a vida, fazer novas escolhas, ter a coragem de olhar para nossa história familiar e permitir que Deus nos cure. Temos de gastar tempo em olhar nosso interior com a verdade da luz e o amor de Deus.

Muitas vezes, brigamos com nosso cônjuge, mas, no fundo, estamos brigando com nossos pais interiores. Muitas vezes, o motivo dos desencontros entre os casais são os mesmos motivos que os atraíram.

Por que isso acontece?

Colocamos no outro nossas projeções. Projetamos nele o que trazemos em nossa psique. Colocamos no esposo, na esposa, as figuras maternas e paternas. Exemplo: quando não se teve um pai que desse limites e incentivasse, oferecendo segurança à filha em sua primeira infância, adolescência e juventude, essa mulher, na fase adulta, poderá crescer com uma ausência interior, estará à procura de um homem que lhe ofereça segurança e firmeza, isso tudo inconscientemente. Ao se casar com um homem que lhe coloque em “seu lugar”, ela, de forma inconsciente, dirá: “Se nem meu pai fez isso, quem é você para agir assim?”. Na verdade, ela quer, sim, que seu esposo lhe dê segurança, firmeza e coloque-a no lugar de mulher.

Para a cura ocorrer é necessário tomar consciência disso e assumir a história dando a ele um novo final. Quando ela brigar com o esposo devido a isso, deve abaixar a guarda e dar oportunidade a si mesma de refazer sua história. Não que o esposo vá assumir o lugar do pai, mas ele poderá ajudar em seu processo de cura.

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Isso é sério e acontece muito mais do que imaginamos, sendo o casamento uma grande fonte de integração desses conteúdos, mas se você não estiver aberta ao processo de cura, ele será para você mais um desajuste interior.

Processo de cura interior

Tal processo pode também ser vivenciado na vivência da paternidade/maternidade. Exemplo: o homem que não quer crescer interiormente sempre teve o que quer, não sabe o preço do sacrifício. Esse homem, certamente, quando vier a ser pai, competirá com o filho, unindo-se a ele na necessidade de cuidados.

Reflito com você três pontos necessários para a cura interior:

– tomar consciência diante de Deus, que lhe revela quem verdadeiramente você é, em uma boa terapia psicológica, diretor espiritual e amigos verdadeiros;

– assumir a própria vida nas mãos, não ir atrás de culpados nem trazer sobre si a avalanche da culpa;

– fazer novas escolhas e perdoar quem o feriu, pedir perdão e dar o perdão a si mesmo. A partir do que aconteceu em sua vida, sempre terá escolhas a fazer.

Concluo com um testemunho: meu esposo e eu tivemos a oportunidade de acolher em nossa casa um médico psiquiatra (com doutorado e tudo mais). Nessa época, eu estava grávida da minha filha e nós fizemos a seguinte pergunta a ele:

“Temos, em nossa família, casos de depressão e bipolaridade. Nossa filha como pode ser influenciada por tal genética familiar?” Ele simplesmente nos respondeu: “Hoje, a medicina compreende que existe a epigenética (definida como modificações do genoma que são herdadas pelas próximas gerações). Como vocês dois vivem em um ambiente saudável, passam constantemente pela cura interior, estão fazendo novas escolhas, muitas delas diferentes das que suas gerações passadas fizeram. É bem provável que sua filha não sofra com os danos que suas famílias trazem na ordem psíquica. Vocês, por causa da vida nova que vivem como família, estão modificando o DNA para uma realidade mais saudável.

Encerro, assim, como iniciamos no título: a cura interior gera um ambiente familiar saudável.

Leticia Cavalli Gonçalves, missionária da Comunidade Canção Nova