Dor da perda

Como superar o sentimento de culpa durante o luto

O luto saboreado ajuda a superar os transtornos e as tristezas da sempre dolorosa perda de alguém querido

Não existe nenhuma pessoa, neste planeta, que não tenha passado pela experiência da perda de um ente querido. Essa é uma experiência humana e profundamente dolorosa.

Diante da morte, as reações são absolutamente únicas. Alguns tentam ignorar a tristeza, outros acabam se fechando em si mesmos. Existem aqueles ainda que reprimem a dor. Nada disso adianta! A dor é real e precisa ser corretamente vivida.

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

O luto é o tempo de que precisamos para retomar nossa vida. É um tempo difícil, mas muito importante. Muitas vezes, a pessoa sente um misto de emoções: revolta, tristeza, conformismo, raiva, angústia e indignação. É normal misturar sentimentos. O coração não é uma mesa com várias gavetinhas onde separamos sentimentos, emoções e outros bichos. Por isso, é preciso aprender a desabafar em Deus, mostre-lhe seu coração ferido e machucado.

Fiz pelo falecido tudo o que estava a meu alcance?

O luto saboreado ajuda a superar também as situações que ficaram sem solução. Não é incomum a pessoa ficar se perguntando: Fiz pelo falecido tudo o que estava a meu alcance? Será que poderia ter feito de modo diferente? Por que não fiquei mais tempo a seu lado?

O triste dessas – inevitáveis – perguntas é que a pessoa acaba se autocondenando sempre. Com isso, fica tentando achar uma desculpa ou uma justificativa. Alguns chegam a pensar que foram os culpados pela morte ou pela doença da pessoa. Outros passam o resto da vida tentando encontrar os porquês.

E se houver culpa?

Se houve culpa ou negligência, agora é hora de apresentar-se diante de Deus, com suas dores e tristezas, mas, acima de tudo, com o coração confiante de que Ele é misericordioso e poderoso o suficiente para curar seu coração ferido e machucado. Deus não nos condena, e a pessoa falecida também não. A morte purifica tudo, inclusive as imperfeições de nossos relacionamentos.

Muitas vezes, uma boa confissão ajuda bastante nessas horas. Diante de um sacerdote, abra seu coração ferido. Não tenha medo de reconhecer sua culpa. Entregue a pessoa falecida para Deus. Fale com o sacerdote sobre as dificuldades de relacionamento que tinha, sobre os pecados partilhados, as palavras pesadas e omissões, e também sobre tudo que você acha que ficou devendo ao ente querido.

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Quando tenho a certeza de que meu falecido está em Deus, então não posso temer nenhuma conta a pagar. Quem está em Deus está livre. Nenhuma ofensa atinge aquele que está no coração de Deus, porque quem morre no Senhor chega a sua plenitude. Agora, do coração de Deus a pessoa enxerga com os olhos iluminados pela graça e compreende os motivos pelos quais agiu ou deixou de agir. Ao encontrar Deus, na plenitude da vida, tudo que era imperfeito será purificado.

É necessário saborear o luto

O luto saboreado ajuda a superar os transtornos e as tristezas da sempre dolorosa perda de alguém querido.

Pena que muitos não pratiquem mais nenhum ritual de luto. Tudo aparenta ser normal. Parece que nada mudou. No íntimo, todos sentem a perda. Precisamos saborear as etapas próprias do luto.

Velório, sepultamento, silêncio, missa de sétimo dia, de um mês, de um ano. Durante os primeiros dias, reservamo-nos para acolher melhor a dor da perda. Não adianta tomar remédio para amenizá-la; ela não deve ser amenizada, mas sentida, saboreada de forma madura e equilibrada.

Trecho do livro ‘Cura dos Traumas da Morte’ de Padre Léo, scj

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