Retiro Quaresmal On Line Quarta, 20 de março

Quarta-feira, 20 de março: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei”

1. Chegamos à última Semana da Quaresma e de nosso Retiro Popular em preparação para a Páscoa. “Verdadeiro homem, Jesus chorou o amigo Lázaro. Deus vivo e eterno, Ele o ressuscitou, tirando-o do túmulo. Compadecendo-se da humanidade, que jaz na morte do pecado, por seus sagrados mistérios, Ele nos eleva ao reino da vida nova” (Prefácio da Missa do V Domingo da Quaresma). Estamos diante do mesmo mistério de amor, feito amizade profunda e vitória sobre a morte. Jesus, que é a Ressurreição e a Vida, suscita a fé nas irmãs de Lázaro e em tantas outras pessoas, entre as quais nos incluímos.

2. Ninguém passa em vão ao lado de Jesus. Todas as pessoas que tiveram contato com Ele, seus discípulos ou as crianças, publicanos ou os fariseus, os doentes e jovens, as prostitutas ou as famílias, foram e até hoje são tocados pelo Seu amor.

3. João Paulo II, na “Novo Millenio Ineunte”, recolhe o que São João nos transmitiu e abre os nossos olhos para as responsabilidades que nos cabem hoje: “Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outro” (Jo 13,35). Se verdadeiramente contemplamos o rosto de Cristo, nossa programação pastoral não poderá deixar de inspirar-se ao mandamento novo que Ele nos deu: “Assim como eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). É o outro vasto campo, em que se torna necessário um decidido empenho: o da comunhão, que encarna e manifesta a própria essência do mistério da Igreja. A comunhão é o fruto e a expressão daquele amor que, brotando do coração do Pai eterno, se derrama em nós através do Espírito que Jesus nos dá (cf. Rom 5,5), para fazer de todos nós um só coração e uma só alma (At 4,32). Ao realizar esta comunhão de amor, a Igreja manifesta-se como sacramento, ou sinal, e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano. A tal respeito, as palavras do Senhor são tão precisas que não é possível reduzir o seu alcance. A Igreja terá necessidade de muitas coisas para a sua caminhada histórica, também no novo século; mas, se faltar a caridade, tudo será inútil. O apóstolo Paulo nos recorda no hino da caridade: Ainda que falássemos as línguas dos homens e dos anjos e tivéssemos uma fé capaz de transportar montanhas, mas faltasse a caridade, de nada nos serviria (cf. 1 Cor 13,2). A caridade é verdadeiramente o coração da Igreja, como bem intuiu S. Teresinha do Menino Jesus que eu quis proclamar Doutora da Igreja precisamente como perita da ciência do amor: “Compreendi que a Igreja tem um coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo” (Novo Millenio Ineunte, 42).

4. O testemunho do amor recíproco será o sinal oferecido ao mundo que tem sede de comunhão. Nós amamos a vida e queremos que todos a tenham em plenitude (Jo 10,10), e “sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama, permanece na morte. Quem odeia o irmão é homicida. E sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna. Conhecemos o Amor no fato Dele haver dado a vida por nós. Também nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem possuir bens deste mundo e vir o irmão passando necessidade, mas lhe fechar o coração, como pode estar nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos com palavras nem de boca, mas com obras e verdade” (1Jo 3,14-18). Não podemos percorrer sozinhos os caminhos da santidade, pois Deus nos escolheu como um povo, para ser sinais de salvação para os outros.

5. Durante esta semana, reze pelo seu relacionamento com o próximo e aceite o convite de João Paulo II a uma “espiritualidade de comunhão”.

6. O gesto de caridade para esta semana é reconstruir os laços de comunhão em sua família ou comunidade, sendo capaz de dar o primeiro passo, indo ao encontro das pessoas distantes ou inimigas. Aproveite a semana também para preparar sua participação e de sua família na Semana Santa e na Páscoa. Lembre-se de que a data mais importante é a da Vigília Pascal, do dia 3o para o dia 31 de março, em sua Paróquia.

7. Sua oração, ao final do retiro, deve ser mais intensa, pois você criou hábito de oração com o esquema proposto no início do Retiro. Aproveite bem e não deixe de separar meia hora por dia para estar com o Senhor. Eis os textos da Palavra que Deus que podem ajudar em sua caminhada

Quarta-feira, 20 de março: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei” (Jo 15,9-17). O Papa propõe um caminho de Espiritualidade de Comunhão, pedindo que a Igreja seja casa e escola de comunhão. Os quatro últimos dias de nosso Retiro Popular serão dedicados à compreensão orante da Espiritualidade de Comunhão. O primeiro passo para vivê-la é “ter o olhar do coração voltado para a Trindade, que habita em nós e cuja luz há de ser percebida também no rosto dos irmãos que estão ao nosso redor” (Novo Millenio Ineunte 42). Em sua oração, contemple o modo de viver do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Lembre-se também de que todos os dias você diz “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. E as conseqüências?

Estamos juntos nesta Quaresma, fazendo o Retiro Popular. Se você quiser compartilhar o que Deus realizou em sua vida durante este retiro, envie um e-mail para: arqpal@uol.com.br ou reporterweb@cancaonova.com.

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO