Paixão, morte e ressurreição

A Paixão, A Morte e A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo constituem o acolhimento central e definitivo de nossa salvação. É a Páscoa de Jesus. Por ela, Jesus nos salvou. Assim, a Páscoa é o mistério unificador de toda nossa fé cristã. Por ela, Jesus Cristo é realmente nosso Salvador, nosso Redentor e nosso único Senhor, que nos conduz ao Pai, no Espírito Santo.

Por esta razão, a Páscoa é a festa principal da Igreja. Páscoa significa passagem. A Páscoa de Cristo é sua passagem da morte na cruz para a ressurreição. É sua vitória plena e definitiva sobre a morte e sobre todos os males. Desse modo, a ressurreição de Jesus mudou totalmente a história da humanidade e de cada ser humano. Pelo pecado, estávamos destinados à morte eterna, à perdição perpétua e total. Pela morte e ressurreição de Jesus, nossa morte foi vencida na raiz e abre-se-nos a perspectiva da nossa ressurreição pessoal e da imortalidade feliz junto ao Pai, na mansão celeste. Na verdade, o anúncio da ressurreição de Cristo e da nossa ressurreição futura é a grande boa nova a ser proclamada em todo o mundo, até o fim dos tempos.

Sendo tal a importância da festa da Páscoa, a Igreja nos oferece um tempo próprio de preparação. Trata-se da Quaresma, que iniciamos na Quarta-feira de Cinzas. Tempo de conversão em que, movidos pela graça divina, procuraremos morrer mais profundamente ao nosso egoísmo, nossa auto-suficiência, nossa busca de poder, de riqueza material, de prestígio, às custas, geralmente, dos outros; enfim, morrer ao pecado. Morrer para iniciar vida nova de amor e serviço a Deus, nosso Pai, e aos outros, nossos irmãos, especialmente aos mais necessitados.

Será, portanto, também um tempo de purificação e de reconhecimento humilde de nossa condição de pecadores, precisados do perdão de Deus e da reconciliação com nosso próximo. Por isso, não esqueçamos o preceito saudável e salvífico da Igreja, o preceito de confessar-se e comungar no tempo pascal.

Entre o fariseu, de pé, que se elogiava a si mesmo diante de Deus, e o humilde publicano, de joelhos, no fundo do templo, que dizia, batendo no peito: ‘Meu Deus, tende piedade de mim, pecador’ (Lc 18, 13), Jesus aponta o publicano como aquele a quem Deus aprovou, acolheu e perdoou.

‘Se alguém disser: ‘amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é um mentiroso’ (1 Jo 4, 20), nos ensina o apóstolo João. Por isso, a Quaresma deve ser um período precioso para crescermos também em fraternidade. Essa é a razão por que realizamos a Campanha da Fraternidade na Quaresma. Mostra igualmente que a campanha deve ser feita à luz da fé, à luz da morte e da ressurreição de Jesus, e não apenas por motivações humanas, sociais e políticas, por mais justas que sejam.

É claro que podemos somar com os esforços de pessoas não-cristãs, que buscam construir maior igualdade social, maior fraternidade, sem violência, democraticamente, embora por motivos meramente sociais e políticos. Nós, cristãos, porém, devemos fazê-lo principalmente por motivo de nossa adesão a Jesus Cristo e a seu Reino, que ilumina mais profundamente nossa condição de irmãos de todos, sobretudo aos índios.

Que Jesus Cristo, morto e ressuscitado, nos ilumine e nos anime, com seu Espírito Santo, a contribuir eficazmente para a construção de uma sociedade justa, humana e solidária!