Reflexão

Precisamos organizar e controlar melhor o nosso tempo

Existe um tempo para cada coisa durante a nossa vida

Onde é que você gasta o seu tempo? O que é essencial ou acidental em você? Onde você derrama a sua vida?

Amar é doer o tempo todo. Você ama um filho e sabe que ele precisa ir para a escola, mesmo que ele fique lá gritando e você saia chorando, porque ele precisa se desprender de você. Na minha infância, eu fazia xixi na calças na escola só para ir para casa ficar com minha mãe. Até que, no quarto dia, a professora disse que tinha providenciado uma cuequinha. Ali foi o momento que eu aprendi a perder.

Precisamos organizar e controlar melhor o nosso tempo

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Você, mãe, tem dor de parto para trazer seu filho ao mundo, mas você vai “parturir” esse menino o tempo todo. Mãe que não sabe perder não sabe educar o filho. Digo tudo isso para falar da sarça ardente e da ordem de Jesus sobre a travessia rumo à nossa conversão.

Exemplos de provação

Moisés reconhece a missão de levar o povo a passar pelo deserto. Ele vê uma sarça que queima sem se consumir, mas ele tem consciência de que aquele momento é acidental em sua vida. Deus poderia ter se manifestado de outra forma. Acidental é aquilo que poderia ser diferente, que não faz falta, que com a ausência a vida continuaria do mesmo jeito.

Voltamos à música. “Eu só peço a Deus que a dor não me seja indiferente, que a morte não me encontre um dia solitário sem ter feito o que eu queria”.

A morte teria encontrado Moisés se ele pensasse que na sarça ele tinha visto tudo. Deus não nos entrega nada para que isso morra, mas para ser multiplicado. Qualquer experiência humana não termina ali, mas sempre tem um algo a mais.

Sarças podem arder tanto para encantar como para desesperar. Você viveu aquele momento de dor e disse que era demais, que não iria suportar – “Não vejo outra perspectiva, não vejo solução” –, mas você fez um desafio a si mesmo e não ficou parado com a sarça.

Aprendendo a lidar com as dores da vida

A vida, às vezes, faz-nos parar para ver a sua beleza, mas também a sua tragédia. E nada pode nos parar. É a junção do calvário e sepulcro vazio que dão sentido à nossa vida. O que vai fazer a diferença é o modo como encaramos o momento que vivemos.

A vida é inteligente o tempo todo. A morte é um processo natural de dar lugar ao outro. Está certo que a gente ama, mas você não pode ficar parado. Não pare naquele momento, porque o definitivo é destrutivo sempre. O definitivo chama-se inferno, e quem cai no definitivo corre o risco da arrogância. Amor sobrevive àquilo que não sabemos do outro, mas desconfiamos, estamos descobrindo a cada dia.

“Essa festa está tão boa, que eu não queria que acabasse”. Mentira! Já está na hora de ir embora. O resto da vida é tempo demais. O pôr do sol só é bonito, porque está acabando. Se não fosse passageiro, não iríamos prestar atenção nele, pois estaria ali a toda hora.

Leia mais:
.: A provação é uma luta da qual você precisa tirar proveito
.: Como fazer o encontro do nosso tempo, com o tempo de Deus?
.: Aprenda a valorizar o seu tempo verdadeiramente com boas atitudes
.: Administrar o tempo, uma estratégia urgente

Precisamos percorrer caminhos

Deus nos indica um caminho a percorrer. O que Jesus nos fala é: “Corra atrás do que está em você. Dentro de você há tanto lugar para chegar, há tanto pôr do sol! Você não nasceu para o definitivo das tragédias.

Religião é, antes de qualquer coisa, a mistura do sagrado e divino em nós. Conheça o que você é, porque assim você saberá trabalhar melhor com si mesmo. Nós queremos conhecer o outro, mas não queremos nos conhecer.

Já parou para refletir  sobre o seu tempo?

Se Jesus perguntasse lhe perguntasse: Quem é você? O que tem feito da sua vida? O que tem permitido que os outros façam por você? O que, na sua vida, é essencial? Onde você gasta os seus dias, as suas horas?

A gente está lidando o tempo todo com “abelhas” que nos rondam para extrair alguma coisa de nós. O que sai? Mel ou fel? É muito fácil produzir mel quando tudo está favorável a nós. Mas o desafio está em dar testemunho da nossa fé quando tudo está desarrumado e proclamá-la para aquele que nos fez “descer da árvore”.

Você quer ser feliz, acertar, mas corre o risco de chegar lá e dar conta de que não deu certo. Só chega lá quem toma a disciplina de não desiste.

O que você gostaria de fazer?

O que você gostaria de sonhar diferente? Se, hoje, você morresse, quais sonhos morreriam junto com você? Só sobrevive no deserto quem se planeja para fazer uma travessia segura. A coisa mais fácil é perder o rumo da vida, gente. Basta uma luz no foco errado. Cuidado com tudo aquilo que brilha demais, que é muito artificial.

Nunca vi um rapaz chorando, porque não ganhou o iate que queria. Mas já vi muitos rapazes chorando sem terem coragem de contar que queriam se sentir amados. A falta de amor faz chorar, destrói. Amor é essencial. E, muitas vezes, nos prendemos para dar aos filhos o que é acidental.

Nós só conseguiremos suportar a travessia do deserto se estivermos agrupados. Ninguém chega ao céu ou ao inferno sozinho. Sempre estamos agrupados.

Essa música é diferente da outra e nos dá esperança: “Eu preciso de Ti, meu Senhor. Quero caminhar contigo e não mais andar sozinho. Eu preciso de Ti”.

Se quiser ir longe, segure nas mãos desse Deus que se oferece na Eucaristia.

Equipe Formação Canção Nova