Para refletir

O segredo da esperança

A esperança chega até nós por meio do amor, para que a nossa fé seja renovada

Na floresta das possibilidades, muitos pássaros passavam os dias a cantarolar as alegrias de viverem juntos. Uma vida em comunidade era motivo de festa permanente. O canário da alegria, todas as manhãs, acordava bem cedinho para anunciar um novo tempo que iria começar:

– Bom dia, meus amigos! É hora de acordar! O sol já despontou e temos muitos motivos para nos alegrar hoje!

Foto ilustrativa: Arquivo CN

Em pouco tempo, todos os pássaros estavam reunidos para, juntos, tomarem o café da manhã. A pombinha da paz sempre chegava trazendo a todos a serenidade que os unia cada vez mais. Sempre tinha uma palavra que devolvia a paz aos corações atribulados.

O drama da águia da fé

Naquela manhã, contudo, faltava um pássaro em particular. A águia da fé, que sempre voava pelas alturas, não apareceu. Preocupado, o bem-te-vi da solidariedade saiu à sua procura. Voou muito até que conseguiu localizá-la, sozinha, em uma árvore afastada da floresta.

– O que houve, minha amiga? Estamos preocupados com você. Todos estavam reunidos para o café da manhã e notamos a sua ausência. Como podemos estar alegres e sermos solidários se nos falta a fé ao nosso lado? Sem você a paz se torna tempestade!

– Pois é, meu amigo solidário, ontem à noite, quando voltava para casa, soube que minha mãe, a águia da ternura, não está bem. Disseram-me que ela está muito doente, e eu, sinceramente, não sei o que fazer.

Pensativo, o bem-te-vi da solidariedade saiu e foi conversar com a coruja da sabedoria.

– Minha amiga da sabedoria, o que podemos fazer para ajudar nossa amiga águia da fé? Ela está muito triste e não sei como ajudá-la.

A reunião na floresta dos carismas

Imediatamente, a coruja da sabedoria reuniu todos os pássaros da floresta dos carismas. E, diante de todos, explicou o ocorrido.

– Diante dessa situação difícil, só há uma solução!

– E qual seria, coruja da sabedoria?

– Precisamos encontrar um beija-flor que se encontra na floresta das decepções.

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Assustados, os pássaros se entreolharam, pois a floresta das decepções era extremamente perigosa. Muitos pássaros já haviam se perdido nela. Quem seria louco de ir até lá?

– Eu vou! Se for preciso dar a minha vida para salvar a vida da águia da fé, eu irei.

E foi assim que o pardal do amor partiu em busca do beija-flor que se encontrava na floresta das decepções.

A esperança renova a fé

Depois de muitos dias, o pardal voltava com o beija-flor. Imediatamente, foram ao encontro da águia. Olhando para ela, o beija-flor disse:

– Minha amiga, não fique com medo, pois a fé que traz em si é muito maior que as tristezas da vida. Sua mãe ficará bem. Com o amor, a paz, a solidariedade, a alegria, seus amigos que sempre estão junto de você, irá enfrentar as dificuldades da vida.

Olhando profundamente nos olhos do beija-flor, a águia da fé disse:

– Obrigada, meu amigo. Você despertou em mim um sentimento que eu não conhecia. Você é muito sábio, apenas a sua cor é um pouco estranha! Nunca vi um pássaro verde. Por falar nisso, qual o seu nome beija-flor?

– Meu nome é Esperança. Cheguei até você por meio do amor, para que a sua fé pudesse ser renovada e, assim, pudesse devolver à ternura, as alegrias das possibilidades de uma paz infinita.


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.