Filhos de Deus

Ao longo do Novo Testamento, a filiação divina ocupa um lugar central na proclamação da boa nova cristã, como realidade bem expressiva do amor de Deus pelos homens: “Vede que grande amor o Pai nos tem apresentado: que sejamos chamados filhos de Deus, e nós o somos!” (1 Jo 3, 1). O mesmo Cristo nos mostrou esta verdade, ensinando-nos a dirigir-nos a Deus como ao Pai, e nos assinalou a santidade como imitação filial. “A mim me foi dito o Senhor: Tu és meu filho, eu hoje te gerei”. Estas palavras do Salmo 2, que se referem principalmente a Cristo, dirige-se também a cada um de nós e definem nosso dia e a vida inteira, se estamos decididos – mesmo com debilidades, com fraquezas… – a seguir a Jesus, a procurar imitá-lo, a identificarmo-nos com Ele, em nossas particulares circunstâncias.

Quando vivemos como bons filhos de Deus, consideramos os acontecimentos – ainda os pequenos sucessos do dia-a-dia – à luz da fé, e nos habituamos a pensar e atuar segundo o querer de Cristo. Em primeiro lugar, trataremos de ver os irmãos nas pessoas que nos rodeiam, os trataremos com freqüência esta verdade – sou filho de Deus -, e nosso dia se encherá de paz, de serenidade e de alegria. Nos apoiaremos em nosso Deus Pai nas dificuldades, se alguma vez o céu nos custar (J. Lucas, Nós, Filhos de Deus). Retornaremos com mais facilidade à Casa Paterna, como o filho pródigo, quando nos afastamos com nossas faltas e pecados. Nossa oração será, no entanto, a conversão de um filho com seu pai, que sabe que lhe entende e que lhe escuta.

O filho é também herdeiro, tem como um certo “direito” aos bens do pai; “somos herdeiros de Deus, co-herdeiros com Cristo” (Rm 8, 17). A antecipação da herança prometida já recebemos nesta vida: é o ,“gaudium cum pace, a alegria profunda de tornarmos filhos de Deus, que não se apóia nos próprios méritos, nem na saúde nem no êxito, nem na ausência de dificuldades, sem que nasce da união com Deus, em saber que Ele nos quer, nos acolhe e perdoa sempre… e nos tem preparado um Céu junto Ele. Perdemos essa alegria quando nos esquecemos de nossa filiação divina, e não vemos a Vontade de Deus, sábia e amorosa sempre em nossa vida. No mais, a alma alegre é um apóstolo, porque atrai os homens até Deus. Peçamos à Virgem a profunda alegria de tornarmo-nos Filhos de Deus!