Uma história que pode servir de exemplo para tantas mulheres

A vida vence a morte

Uma história de conversão que mostra a vitória da vida sobre a morte

Setembro é considerado o mês da primavera, das flores e da vida que vence a morte. Pelo menos, é o que atestam os dois fatos que me apresso a narrar.

No dia 3, Anna Romano, uma italiana de 35 anos, recebeu um telefonema que jamais imaginara possível: nada mais nada menos que do próprio Papa! Em junho, ela lhe havia enviado uma carta para contar a sua dolorosa história.

Sem muitos rodeios, informava-o de que havia sido abandonada pelo namorado ao revelar a ele que estava grávida. Agressivo e autoritário, a resposta dele não admitia réplica: para continuarem juntos, ela deveria procurar uma clínica e abortar, pois, sendo ele já casado, tinha um filho e não queria assumir outra criança.

Lá pelas quatro horas da tarde do dia 3, toca o telefone na casa de Anna. Do outro lado da linha, uma voz lhe diz: «O Papa Francisco quer falar com você!». A princípio, ela pensou que fosse trote, mas quando o Santo Padre lhe contou que tinha lido a sua carta, ela começou a acreditar, pois apenas seus pais e sua melhor amiga sabiam de seu drama.

«Fiquei muda, sem saber o que responder», explicou ela a um jornalista, alguns dias depois. «Eu lhe disse que queria batizar o meu filho, mas tinha medo, porque sou mãe solteira e já havia me divorciado uma vez. Mas o Papa me respondeu que, se não encontrasse um padre para celebrar o batismo, ele mesmo estava disposto a fazê-lo. Aquela ligação de poucos minutos mudou a minha vida. O Papa me falou que sou corajosa e forte por ter decidido ter o bebê, mesmo depois de seu pai me abandonar. O meu bebê nascerá em abril e, se for homem, seu nome será Francisco».

E acrescentou que, quando o noivo lhe pediu que abortasse, ela pensou que seria a melhor solução, pois «se sentia sozinha e infeliz, mas agora, só a ideia de abortar, me dá calafrios. Estou contando a minha história porque quero que seja de exemplo para tantas mulheres que se sentem longe da Igreja porque estão divorciadas ou por terem topado com homens que não merecem ser pais».

Um “aborto” com final feliz, portanto. Pouco depois, no dia 20, houve mais uma vitória da vida, quando ganhou as manchetes dos jornais a conversão de Antônio Oriente, vice-presidente da Associação Italiana de Ginecologistas e Obstetras Católicos. Naquela data, ele foi recebido pelo Papa Francisco, ocasião em que lhe entregou os instrumentos cirúrgicos de que, durante anos, se servira para praticar milhares de abortos, por amor ao dinheiro e por ter como ideal de vida – são palavras suas – «avançar na carreira e subir de classe social».

Sua história começou a mudar a partir do casamento com Maria Carmela, uma pediatra que, diferentemente do que acontecia com ele, gostava de crianças. Talvez pelo fato de continuar – como ele mesmo disse – «matando os filhos dos outros», os anos passavam e eles não conseguiam ter filhos. Não foram poucas as vezes em que, ao chegar em casa, o médico encontrava a esposa chorando.

Uma noite, não teve forças para deixar o consultório, porque «se sentia destruído e não podia voltar assim para casa». Na madrugada, ao perceber a luz acesa, um casal bateu à porta da clínica, intuindo que o médico estava passando por algum problema. O casal escutou a sua história de dor e o convidou a participar de um encontro de oração. «Depois disso – explicou Antônio – comecei a conhecer um Deus diferente daquele que eu conhecia. Antes, eu via o Cristianismo como uma imposição, e o odiava. Este Deus era misericordioso e me dizia: ‘Entrega-te a mim, e todo o teu sofrimento desaparecerá’».

Pouco depois da conversão do marido, Maria Carmela ficou grávida. «Com esta gravidez milagrosa, o doente deixou de ser para mim um pedaço de carne e se converteu num pedaço da carne do Cristo, que eu tinha o privilégio de tocar com minhas mãos. Deste dia em diante, dediquei a minha vida a Cristo e à vida», acrescentou Antônio.

Juntamente com os instrumentos de morte, o médico entregou ao Papa uma imagem de Nossa Senhora de Luján, Padroeira da Argentina, que lhe fora oferecida por uma jovem daquele país depois de convencê-la a não abortar: «Santo Padre, deixei de fazer abortos; agora luto pela vida». Ao receber o material cirúrgico, Francisco lhe disse: «Levarei tudo isso para o meu quarto, na Casa Santa Marta. Esta noite rezarei por você».

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados (MS)
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