Cannabis sativa

Posso usar a maconha com finalidade medicinal?

O uso da maconha na indústria farmacêutica é antigo

Como o uso da maconha é proibido em muitos países por ser uma droga que causa dependência, prejuízos para a saúde física e mental, sua liberação tem causado muitos debates. No entanto, o uso da maconha na indústria farmacêutica é antigo, e, hoje, tem-se descoberto importantes propriedades medicinais presentes na planta cannabis sativa (nome científico da maconha). Médicos prometem a cura de muitas doenças com o uso dessas substâncias.

Em 2010, Sativex, o primeiro extrato de Cannabis medicinal entrou no mercado farmacêutico, comercializado pela Bayer e Novartis. Até o fim de 2014, Sativex estava aprovado para uso em 24 países, incluindo França, Alemanha, Itália e Austrália. Nos EUA, é vendido pela farmacêutica japonesa Otsuka. No começo de 2015, os EUA aprovaram o uso do antiepilético derivado de cannabis, Epidiolex (99,9% Canabidiol (CBD), nome da substância extraída da Cannabis), para doenças raras como a síndrome de CDKL5 ou Dravet, por exemplo. A corrida para testes clínicos dessas substâncias tem um grande interesse comercial.

Posso usar a maconha com finalidade medicinal?

Foto ilustrativa: Yarygin

Há relatos, não comprovados pela medicina, do uso para as mais variadas doenças, desde o tratamento do câncer até esclerose, HIV, hérnia de disco, doença de crohn, síndrome do pensamento acelerado, pedra nos rins, neoplasmas, síndrome de dravet, náusea, dor de cabeça, febre, depressão, convulsões, enxaqueca, TPM, glaucomas e ansiedades.

Tráfico de drogas

Outra grande preocupação em torno da legalização da maconha medicinal, na tentativa da cura de algumas doenças, é o benefício indevido para os traficantes de drogas. Sabemos que a maconha é um grande negócio para os traficantes e a sua legalização poderia se transformar em um negócio até maior. Por isso, muitos legisladores são contrários à liberação da maconha para o uso medicinal, afirmando que “a proposta de legalizar a maconha é enganosa e está camuflada sob o termo ‘maconha médica’”.

Para alguns psicoterapeutas, uma das principais questões que desaprova o uso da maconha seria o efeito psicoativo da planta que, ao que tudo indica, é causado pelas mesmas propriedades químicas responsáveis pelo seu caráter curativo. Também o sucesso desse tipo de tratamento tem sido limitado pelos efeitos colaterais (ansiedade e depressão).

A moral

Para a avaliação moral, deve-se considerar, em princípio, que as plantas não trazem em si um mal intrínseco, ou seja, o mal não está por pertencer ou não à determinada espécie ou mesmo por apresentar princípios ativos que também podem causar algum mal físico, psíquico ou social para o ser humano: “Deus disse: ‘Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie e o fruto contenha a sua semente’, E assim foi feito.

A terra produziu plantas, ervas que contêm semente segundo a sua espécie, e árvores que produzem fruto segundo a sua espécie, contendo o fruto a sua semente. E Deus viu que isso era bom” (Gn 1,11-12). O mal está no uso que se faz daquela planta ou da substância presente. A maconha usada no tráfico como droga, em situações que prejudicam a saúde da pessoa, torna-se mal e é ilícita.

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O que diz a Igreja?

A Doutrina Católica sobre tratamentos médicos considera moralmente aceitável o uso da maconha para pacientes com doenças que possam ser tratadas com as substâncias extraídas da Cannabis. O que se pede é que os legisladores e oficiais do Governo assegurem a proteção do público sobre qualquer prejuízo que pode resultar na transformação da maconha em uma droga facilmente acessível.

Tornando-se previsto em lei o cultivo e o uso da maconha para fins medicinais e científicos, é preciso a regulamentação para o uso medicinal da planta e, na prática, estabelecer regras claras para definir em que condições ela pode ser produzida, manipulada e utilizada. Que os especialistas também estudem a possibilidade de o paciente se tornar dependente da maconha e pesquisem os possíveis efeitos colaterais dela.

Trecho retirado do livro “Respostas simples para perguntas difíceis”.