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O vício em eletrônicos pode desenvolver patologias

O que antes era uma preocupação apenas com os adolescentes, por ficarem horas e horas em jogos virtuais, estende-se à classe dos adultos; e o pior, até mesmo das crianças. Muitos pais, na ânsia de ter um tempo “livre” para eles, sem choro nem necessidade de dedicação aos filhos, usam como moeda de troca o tablet e o celular, oferecendo precocemente aquele que pode ser o grande vilão da vida adulta do seu filho. Por isso, gostaria de questionar: será que estamos sabendo utilizar os eletrônicos, em especial os meios de comunicação?

Essa tem sido a pergunta de muitos estudiosos, saber quais são as influências e, para bem dizer, os malefícios que esse vício pode causar, assim como sua forma de tratamento.

Muito já se falou dos jogos, mas agora gostaria de levantar os questionamentos acerca dos meios de comunicação virtual. Pode se dizer que nunca foi tão fácil acessar a internet como atualmente, são poucos os lugares em que não é possível se conectar. E quando isso não acontece, o caos está instalado. Quem nunca ouviu uma pessoa dizer: “Aqui não tem nada para fazer, não tem nem internet!” ou “Aqui tem Wi-Fi? Qual é a senha?”.

Vício em eletrônicos pode desenvolver patologias

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

 O que pode ocasionar vícios eletrônicos?

Partindo do princípio de que tudo o que está em exagero pode se tornar uma doença, podemos, então, dizer que o excesso de tempo envolvido com tais eletrônicos é uma patologia, e para tal já existem clínicas de recuperação nos grandes centros. Já se imaginou internado em uma clínica de recuperação por não conseguir se controlar com uso desses meios? Ainda não se trata de uma realidade comum tais internações, no entanto, o número de pessoas atendidas em consultórios psicológicos sim.

As pessoas não chegam nos consultórios dizendo que possuem dependência de internet, jogo patológico ou nomofobia (“no mobile fobia”, ou “fobia de ficar sem celular”), eles chegam se queixando das consequências de tais patologias, que são a baixa autoestima, distúrbios de humor, depressão, fobias e irritabilidade.

Normalmente, esses comportamentos dificultam as relações sociais feitas na vida real, sendo então um “refúgio” para aqueles que são retraídos, tímidos, inseguros, complexados, pois, nesse mundo imaginário, posso me refugiar, distrair, ser quem eu desejo ser, porque hoje é muito comum criar um fake (pessoa imaginária) e fazer tudo aquilo que gostaria de fazer e não “consigo”.

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Distúrbios atencionais

No entanto, não são apenas alterações emocionais que podem gerar essas dependências. Estudiosos da mente humana têm buscado estudar quais implicações neurológicas tais dependências têm causado. A princípio, o que se pode dizer é que esses tais excessos podem causar distúrbios atencionais.

Uma vez que, durante as atividades virtuais – sejam elas jogos, trabalho, estudo, lazer, dentre outros – estimula-se mais o campo da atenção alternada (alternância do foco entre mais de um estímulo para captar cada uma das atividades em separado, eficazmente), geramos no cérebro uma necessidade de receber constantemente esse estímulo. Em contrapartida, o campo da atenção concentrada (capacidade de desconectar-se de um campo mais amplo de atração, seja visual ou auditivo, a fim de isolar-se ou focar-se em um número reduzido de estímulos), um outro tipo de atenção humana, não menos inferior que a atenção alternada, fica “atrofiada”, pois não tem recebido estímulo suficiente. Esse desequilíbrio prejudica diretamente o processo de aprendizagem e memória do ser humano, uma vez que auxilia a transição de informações novas da área da memória de trabalho para a memória de longo prazo.

Se, contudo, você acha que não depende tanto da internet para relacionar-se, distrair-se e manter-se informado (jornais impressos e televisionados também oferecem informações), lanço um desafio: desligue sua internet por um período do dia, observe suas reações e veja até onde você depende emocionalmente dessa ferramenta.