Ato Sexual

Qual é o grau de importância do sexo na vida do casal?

Como o casal deve viver o “sexo” no matrimônio

Muitos dizem que a Igreja é meio do ”contra” quanto ao “sexo” , mas te dizemos ao contrário, ela é a que mais levanta a bandeira do ”sim” ao sexo. E dá ele não só um lugar de destaque, como também, dá a dignidade de altar! É sagrado!

Dessa forma a vida sexual no casamento assume uma alta prioridade, ela é fonte e transbordamento do amor. O sexo foi uma das melhores ideias de Deus para o casal, pois é por meio dele que, o homem se entrega totalmente para a mulher (assim deve ser) e a mulher se entrega totalmente ao homem (assim deve ser). Deus se alegra quando os casais, no ato conjugal, chegam a plenitude do prazer. Porque ambos, de fato, deram-se um ao outro e estiveram ali inteiros. Não é sem motivo que, Deus, conta com o sexo para continuar acreditando no ser humano, e assim, doando a vida humana. Mas sobre filhos falaremos mais pra frente.

Qual é o grau de importância do sexo na vida do casal

Foto Ilustrativa: yacobchuk / by Getty Images

Ato sexual

O ato sexual entre os casados é uma necessidade, e quero te dizer: sabia que o casamento só se consuma depois que o casal recém-casados, tem sua primeira relação sexual? Pois é! Assim mesmo. Porque ali na ”cama”, se assim podemos dizer em linguagem figurada (não vá se escandalizar), um se entrega ao outro como Cristo se entrega a nós no altar. Há a alegria e o júbilo por tal entrega. A Igreja leva tão a sério isso que, antigamente, antes do casal consumar o casamento no leito conjugal, o sacerdote ia a casa desse casal e abençoava a cama, pois de fato o que ali iria acontecer era um ato sagrado. Não faça de sua vida sexual no casamento uma casualidade, ou um mero cumprimento de rotina, a relação sexual é fonte de saúde física, psíquica e espiritual para o casal.

O leito conjugal deve ser um lugar de reciprocidade – marido que busca satisfazer sua esposa, a mulher que busca satisfazer seu marido. Um se dá em presente ao outro. E Deus se dá ao casal, pois Ele é a fonte desse amor!

Paulo, em sua carta aos Efésios, no capítulo 5, diz claramente que o amor entre marido e mulher é um retrato do amor entre Cristo e Sua Igreja. Em outras palavras, o casamento ajuda a proclamar o evangelho de Jesus Cristo. Olha só o tamanho da força do casamento e com ele da vida sexual! O que é muito sagrado é na mesma medida profanado. Por isso, o sexo é tão profanado e tem se tornado ”fonte de pecado”, ao invés de ”fonte de amor”.

Sexualidade Humana

Há forças diabólicas para distorcer nossa compreensão da sexualidade humana. Muitos caem, ainda na vida de casado, na pornografia, no sexo casual e autogratificação, ou seja, sexo sem a cumplicidade do prazer da esposa e do esposo, mas somente no prazer próprio. Temos também em muitos casamentos a distorção da vivência fecunda do sexo, que veem nessa dimensão do casal, algo ainda sujo ou pecaminoso e não algo a se desfrutar com a benção divina dada no sacramento do matrimônio. Precisamos conversar mais sobre isso. Pois o Sexo no casamento é fonte de cura interior.

Nós casais precisamos entender que o ato sexual é legítimo, querido e abençoado por Deus, e o prazer que dele recebemos contribui para a alegria de viver e para a estruturação sadia de nossa personalidade e de nosso relacionamento. Quando temos uma relação sexual satisfatória, expressamos com nossos corpos o que vibra em nosso coração. Para chegar à harmonia, ao orgasmo, é preciso saber cultivar o desejo e até mesmo um ”erotismo” sadio. É preciso continuar apaixonados e estarem atentos um ao outro. É bom chegar a plenitude do ato sexual,” o gozar”, mas melhor ainda, é quando chegamos juntos lá, quando estamos em tamanha harmonia temos tudo para chegar ao clímax juntos. O Papa João Paulo II no livro1 base para fundamentarmos nossa vida conjugal e também fundamentarmos este livro na questão da moral sexual católica, dá um show falando da questão do orgasmo para o casal ele afirma:

“Do ponto de vista do amor da pessoa e do altruísmo é preciso exigir que no ato sexual o homem não seja o único a atingir o ponto culminante da excitação sexual (orgasmo), e que este se produza com a participação da mulher e não à sua custa.”

O Papa não só legitima o prazer sexual para os casais, mas disse que é preciso que os casais busquem chegar lá juntos!

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O sexo no casamento

No casamento o ato sexual tem três dimensões: relacional, prazer e dimensão de fecundidade. O ato sexual no casamento precisa levar em conta que há duas pessoas em relação, há dois mundos, há duas realidades e percepções e logo ritmos diferentes. Quando se “gasta” tempo se relacionando com a singularidade que o outro é, estamos investindo na primeira dimensão do ato sexual que é a dimensão relacional. E saibam o ato sexual não começa na cama, mas muito antes dele. Por vezes começará dois, três dias, onde vocês vão se preparando para chegar lá, vão ”penetrando” um no mundo do outro, só assim haverá uma penetração física que gerará uma profunda harmonia. Dessa forma o ato sexual muito mais que prazeroso os levará a uma profunda cumplicidade existencial. Bem vivida a dimensão relacional, temos aumentadas as possibilidades de chegar ao prazer conjugal e, juntos. E quando essas duas dimensões estão bem ajustadas e vividas estaremos sempre abertos a fecundidade. Uma nova vida pode nascer! Um novo homem e uma nova mulher surgem de uma relação sexual nova. Entenda fecundidade aqui não só no ter bebês, isso também– e com isso gastaremos um bom tempo falando com você mais pra frente, mas aqui queremos te convencer de que a relação sexual bem vivida no casamento gera no marido um homem novo, e na esposa uma mulher nova. Saímos enriquecidos a cada ato sexual vivido no amor verdadeiro.

A curva de excitação do homem e da mulher é diferente. Tende-se no caso do homem chegar ao clímax primeiro que a mulher. Anatomicamente o centro de excitação é o mesmo (sistema de recompensa). Mas, a mulher apresenta em seu corpo mais zonas erógenas que o homem, e isto é bom e mais desafiador, pois tende a ampliar o alcance de excitação da mulher, ou seja, por isso elas precisam não só de uma penetração para chegar ao orgasmo, é necessário todo um envolvimento do corpo para que a mulher chegue lá. E isso é mais lento no caso da mulher do que no homem. Exemplificamos, para os homens basta um toque e pronto estarão excitados. A mulher precisa ser conquistada. É lindo! A mulher é um mundo a ser explorado. Se você, homem, não tem disposição de ser desbravador não a levará a contemplação de tesouros.
Precisamos ter em mente e no coração estas diferenças de reações sexuais, não para descobrirmos o ”ponto G”, mas para uma entrega total de si e, consequentemente, descobriremos os pontos A,B,C,D etc. Há um ritmo ditado pela natureza masculina e feminina, os cônjuges devem conhecê-lo para chegarem no mesmo momento, ao ponto culminante da excitação sexual, o orgasmo. O homem deve ter paciência com a mulher, ir conquistando-a aos poucos, ela irá aos poucos se adaptando a ele. O homem irá com seu órgão genital penetrá-la, pense, até fisicamente é a mulher que irá se adaptar a ele. Por isso, o homem deve ir aos poucos proporcionando as situações adequadas de adaptação a ela. O amor que tudo “espera”, aqui entra com força. O homem precisa esperar a mulher e por isso esse precisa estar atendo a ela em cada movimento. Ele irá pacientemente descobrindo o ritmo dela, e assim o ritmo deles!

Quando a mulher não encontra no ato sexual a satisfação natural, ligada ao orgasmo, pode ter certo “medo” do ato conjugal por se perceber “despersonalizada”, se sentir como um objeto de satisfação do esposo e assim não empenhe nele sua personalidade total, o que a torna particularmente sujeita as neuroses e determina uma frigidez sexual, isto é, uma incapacidade de sentir a excitação no clímax. Esta frigidez resulta às vezes de um complexo ou duma falta de entrega total, seu passado, a maneira que internalizou o “masculino”, possíveis experiências de abuso, ou uma visão deturpada do mundo sexual, podem estar por traz desta “insatisfação” e incapacidade de orgasmo. O egoísmo do homem pode estar por trás desta “incapacidade” da mulher, este homem ao buscar apenas a sua própria satisfação, muitas vezes de uma maneira brutal, não sabe ou não quer compreender os desejos profundos da mulher, nem das leis naturais do processo sexual que desenvolve nela, tão fechado em si que não se estende em amor por ela. Inconscientemente a mulher assume este ato egoísta do homem e se fecha a ele. A mulher começa então a evitar as relações sexuais e sente uma repugnância por elas. Pelo fato da mulher viver a dimensão sexual em um campo mais interno e subjetivo, e até fisicamente, mais amplo que o homem, é preciso que esse tenha maior atenção a ela. A conquista, meu caro, precisa ser muito mais intensa!

Sobre isso afirma o Papa João Paulo II: 2

“O homem deve ter em conta que a mulher é um mundo a parte”, não só em sentido fisiológico, mas também psicológico; e como nas relações conjugais a ele incumbe a parte ativa, deve conhecer e, na medida do possível, penetrar neste mundo. Esta é precisamente a função positiva da ternura. Sem ela, o homem só tenderá a sujeitar a mulher às exigências do seu corpo e do seu próprio psiquismo. Sem dúvida, também a mulher deve procurar compreender o homem e educa-lo, de modo que ele tenha conta dela: ambos são igualmente importantes.”

Na Amoris Laetitia está escrito no parágrafo 152:

“Assim, não podemos, de maneira alguma, entender a dimensão erótica do amor como um mal permitido ou como um peso tolerável para o bem da família, mas como dom de Deus que embeleza o encontro dos esposos. Tratando-se de uma paixão sublimada pelo amor que admira a dignidade do outro, torna-se uma “afirmação amorosa plena e cristalina”, mostrando-nos de que maravilhas é capaz o coração humano, e assim, por um momento, “sente-se que a existência humana foi um sucesso “.

Que nós, casais cristãos, possamos apresentar a este mundo decaído, a beleza de nossa conjugalidade que em nada é reprimida, entretanto, é fonte de liberdade na relação de duas pessoas que se amam e se entregam uma à outra como presentes.

1. Amor e responsabilidade, p. 267
2.
Amor e responsabilidade, p. 271