Ritos litúrgicos

Como celebrar a Palavra quando não há um um sacerdote ou diácono?

A Eucaristia é, por excelência, a celebração do Dia do Senhor. O Catecismo da Igreja Católica prescreve: “O mandamento da Igreja determina e especifica a lei do Senhor: ‘Aos domingos e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da Missa’. Satisfaz o preceito de participar dela quem a assiste segundo o rito católico no próprio dia da festa ou à tarde do dia anterior” (CIC 2180). A Celebração da Palavra não deve ser confundida com a Missa.

O documento 43 – “Animação da vida litúrgica no Brasil”–, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assim nos orienta: “Contudo, não confundamos nunca essas celebrações com a Eucaristia. Missa é Missa. Celebração da Palavra, mesmo com a distribuição da comunhão, não deve levar o povo a pensar que se trata do Sacrifício da Missa. É errado, por exemplo, apresentar as oferendas, rezar o Cordeiro de Deus e dar a bênção própria dos ministros ordenados”.

O ideal seria que todas as comunidades pudessem participar da Missa, contudo, a realidade que vivemos no Brasil não é essa. Segundo o documento 43 da CNBB, cerca de 70% das comunidades no Brasil não têm acesso à Celebração Eucarística presidida por um ministro ordenado. Muitas delas se encontram em regiões distantes que não permitem aos fiéis irem a uma igreja. O que fazer em tais casos? Qual a orientação da Igreja?

Como celebrar a Palavra quando não há um um sacerdote ou diácono?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A Celebração da Palavra de Deus é o ideal?

Vejamos o que diz a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia: “Promova-se a celebração da Palavra de Deus nas vigílias das festas mais solenes, em alguns dias feriais do Advento e da Quaresma e nos domingos e dias de festa, especialmente onde não houver sacerdote. Neste caso, será um diácono ou outra pessoa delegada pelo bispo a dirigir a celebração” (SC, 35.4).

A Congregação para o Culto Divino, no “Diretório para celebrações dominicais na ausência do presbítero”, no parágrafo 20, assim prescreve: “Entre as muitas formas celebrativas, que se encontram na tradição litúrgica, é muito recomendada a Celebração da Palavra de Deus”.

O mesmo diretório diz: “Quando, em alguns lugares, não for possível celebrar a Missa aos domingos, veja-se primeiro se os fiéis não podem se deslocar à Igreja de um lugar mais próximo e participar ali da celebração do mistério Eucarístico.

Quando a celebração da Missa dominical não é possível, é muito recomendada a celebração da Palavra de Deus, seguida da comunhão Eucarística. Mas é necessário que os fiéis percebam, com clareza, que tais celebrações têm, simplesmente, caráter supletivo e não venham a considerá-las como a melhor solução para as atuais dificuldades ou concessão feita à comodidade.

Por isso, as celebrações dominicais, na ausência do presbítero, nunca podem se realizar aos domingos naqueles lugares onde a Missa já foi ou vier a ser celebrada nesse dia, ou tiver sido celebrada na tarde do dia anterior, mesmo noutra língua”. Recomendo a leitura atenta do “Diretório para celebrações dominicais na ausência do Presbítero”, publicado pela Congregação para o Culto Divino.

A celebração dominical na ausência do presbítero é orientada por um diácono que a preside ou, na sua falta, por um leigo designado pelo pároco.

A CNBB publicou um documento (número 52) sobre “Orientações para a celebração da Palavra de Deus”. Neste documento, encontramos alguns dados importantes:

1. Para a Celebração da Palavra de Deus não existe um ritual próprio. Muitas comunidades seguem o esquema da Celebração Eucarística, omitindo algumas partes ou usando um subsídio específico.

2. Na Celebração da Palavra, sejam valorizados os seguintes elementos: 1) Reunião em nome do Senhor; 2) Proclamação e atualização da Palavra; 3) Ação de Graças; e 4) Envio em Missão.

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O documento ainda oferece um roteiro:

1. Ritos iniciais: Saudação, acolhida, introdução no espírito da celebração, rito penitencial. Quem preside conclui os ritos iniciais com uma oração;
2. Leitura, Salmo e Evangelho;
3. Partilha da Palavra de Deus;
4. Profissão de Fé;
5. Oração dos Fiéis;
6. Momento de Louvor: não deve ter, de modo algum, a forma de Celebração Eucarística.
7. Oração do Senhor – Pai Nosso;
8. Abraço da Paz;
9. Comunhão Eucarística: Nas comunidades onde se distribui a Comunhão durante a Celebração da Palavra, o Pão Eucarístico pode ser colocado sobre o altar antes do momento da ação de graças e do louvor, como sinal da vinda do Cristo, Pão Vivo que desceu do Céu;
10. Ritos finais.

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Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.