Promessas, superstições, magias

A Igreja reconhece a validade das promessas e dos votos religiosos feitos de maneira consciente e madura, sem cair no fanatismo ou na superstição. O Catecismo da Igreja diz que: “Em várias circunstâncias o cristão é convidado a fazer promessas a Deus… Por devoção pessoal o cristão pode também prometer a Deus este ou aquele ato, oração, esmola, peregrinação, etc. A fidelidade às promessas feitas a Deus é uma manifestação do respeito devido à majestade divina e do amor para com o Deus fiel” (§2101).

Também o voto é aprovado pela Igreja:
“O voto, isto é, a promessa deliberada e livre de um bem possível e melhor feita a Deus, deve ser cumprido a título da virtude da religião” (CDC, cân. 1191,1) O voto é um ato de devoção no qual o cristão se consagra a Deus ou lhe promete uma obra boa. Pelo cumprimento de seus votos, o homem dá a Deus o que lhe prometeu e consagrou. Os Atos dos Apóstolos nos mostram S. Paulo preocupado em cumprir os votos que fizera” (Hb 9,13-14). (Cat. §2102)

Portanto, quando alguém faz uma promessa a Deus, com o fim de obter uma graça, isto é bom, mas a pessoa deve cumprir esta promessa; e não deve propor a Deus um sacrifício que não possa realizar. E também não é válido fazer uma promessa para que outra pessoa pague mais tarde, como às vezes algumas mães fazem para um filho. Se uma promessa não pode ser cumprida por qualquer motivo, então, a pessoa que a fez, deve pedir a seu confessor autorização para alterá-la.

O nosso Catecismo ensina também que as promessas feitas a outras pessoas devem ser cumpridas. A palavra empenhada deve ser mantida: “As promessas feitas a outrem em nome de Deus empenham a honra, a fidelidade , a veracidade e a autoridade divinas. Devem pois, em justiça, ser respeitadas. Ser-lhes infiel é abusar do nome de Deus, e de certo modo, fazer de Deus um mentiroso” (1Jo1,10). (§2147).

Por outro lado a Igreja proíbe a superstição, a “simpatia”, magia e coisas semelhantes. Distorce o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo: quando atribuímos uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, em si mesma legítimas ou necessárias.

O Catecismo diz que: “Atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem levar em conta as disposições interiores que exigem, é cair na superstição” (Mt 23, 16-22). (Cat. §2111). É o caso, por exemplo, de uma pessoa que use um Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, sem fé, apenas como um “objeto que protege” ou que “dá sorte”.

A Igreja valoriza muito as imagens, as novenas, etc., mas quer que tudo seja usado e feito com convicção.

“A superstição é um desvio do culto que rendemos ao verdadeiro Deus. Ela mostra-se particularmente na idolatria, assim como nas diferentes formas de adivinhação e de magia”. (Cat. §2138).

A pessoa supersticiosa age como quem dá ordens a Deus, querendo-o fazer obedecer a sua vontade mediante algum ato, rito, ou ação mágica: usar ferraduras nas portas, colocar a vassoura atrás da porta, usar sal grosso para espantar o azar, cruzar pauzinhos, etc.

Tudo isso e muito mais (medo de passar em baixo de escada…, bater três vezes na madeira para não dar azar) ofende a Deus e é pecado contra o primeiro mandamento, porque é falta de fé e de confiança em Deus.

S. Paulo disse: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom 8,31). Logo, não podemos buscar poder ou conhecimento fora de Deus, isto é magia e superstição.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino