Imagens ou ídolos?

O culto das imagens tem sido um assunto polêmico na história, isto por vários motivos:
-> Porque a interpretação da Sagrada Escritura não é a mesma nas Igrejas;
-> Porque algumas pessoas exageram na veneração e uso das imagens dando impressão de fazer delas um ídolo, um amuleto ou algo mágico.

O importante é sempre ter clareza na finalidade e no uso pedagógico das imagens. As imagens sagradas são veneradas e respeitadas, porém, nunca adoradas. O crente que usa imagem, venera nela a pessoa que está representada. A imagem cristã (iconografia cristã) transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Bíblia transmite pela palavra. Por isso, imagem e palavra se iluminam mutuamente. Houve tempos na história da Igreja em que o povo quase não sabia ler.

A Igreja então utilizava a pedagogia das pinturas, imagens e estátuas nas Igrejas para catequizar e evangelizar o povo mais simples. Dessa forma o povo visualizava e penetrava nos mistérios da fé reproduzidos nas paredes e nas obras de arte.

É interessante notar que hoje, nas escolas e repartições públicas, se coloca a imagem do Presidente ou do Governador. Ninguém se incomoda. Surge então, a pergunta: por que fazer problemas se uma Igreja usa o simbolismo das imagens como parte de sua evangelização, tradição, crença ou cultura? Nossa sociedade costuma honrar seus heróis com estátuas, monumentos e símbolos.

Da mesma forma a Igreja Católica mantém a memória de seus mártires, confessores e testemunhas da fé por meio das imagens, pois neles Cristo é glorificado. A realidade das imagens, com sua beleza e cor, lembra os mistérios da fé, estimula a oração e aproxima de Deus. Além disso, o nosso povo na sua sensibilidade religiosa tem um grande amor pelas imagens. Com um pouco de boa vontade e respeito, pode-se evitar tanta “guerra antiecumênica” entre algumas convicções religiosas diferentes!

O essencial é o respeito mútuo e o amor fraterno. O que identificará como discípulos de Jesus, não é o ter ou não ter imagens, mas o amor fraterno: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35).

O amor a Deus e às causas do povo pela vida e pelos direitos humanos tornam anacrônicas nossas lutas pela imagens. Existem causas bem maiores e que merecem nossa união e esforços para promover a dignidade do ser humano feito “à imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,27).