Criação de leis e normas absurdas

Na elaboração de um dossiê, criamos leis e normas absurdas, as quais deveriam ser cumpridas pelo outro, mesmo sem conhecê-las. Na verdade, são regras não executáveis, a não ser em nossa cabeça. Mas o não-cumprimento dessas leis, criadas por nós mesmos, aumenta ainda mais a decepção.

Quando tentamos impor uma lei sobre algo que não podemos controlar, criamos uma porta sempre aberta para o ressentimento. Não adianta tentar mudar o que não pode ser mudado. Não adianta querer influenciar quem não deseja ser influenciado. Essas tentativas geram fracassos e esgotamento emocional.

As leis e normas absurdas que criamos são baseadas na expectativa que temos a respeito de como algo deveria ser ou como alguém deveria se comportar ou pensar. Quanto maior o número de leis criadas, para que outros cumpram, maior será a chance de nos machucarmos. Não existe neste planeta nenhuma pessoa capaz de cumprir todas as normas que achamos que devem ser cumpridas.

Não devemos confundir algo inesperado com algo indesejado. É imbecilidade pensar que as coisas acontecerão sempre como planejamos ou determinamos. Só deveríamos esperar resultados concretos de fatos e acontecimentos que estejam sob o nosso controle. Fora isso, é sofrimento na certa. Por melhor e mais justa que seja a norma, você não tem poder de executá-la. Nunca crie uma lei para outra pessoa cumprir. Até as promessas, que alguém faz, são nulas. A lei pode ser boa, justa e maravilhosa, mas, se não depende de você para ser cumprida, não a crie nem a divulgue.

Algumas dessas leis são mais comuns do que imaginamos. Exemplos: Meu marido tem que ser fiel; Ninguém deve mentir para mim; A vida tem que ser justa; As pessoas têm que me tratar como eu quero e mereço; Minha vida tem que ser tranqüila; Amanha teremos um lindo dia de sol; Meu passado deveria ser diferente; Meus pais deveriam ter me tratado melhor; Meu chefe deve reconhecer meus esforços; O outro precisa mudar de vida; Tenho que achar o culpado por esse problema; Enquanto não tiver uma explicação não ficarei tranqüilo; As pessoas terão que agir ou reagir assim; Preciso de compreensão; Amo tanto, devo ser correspondido; Não quero e não posso sofrer; Não vai chover; Todos devem me parabenizar; Eu devo receber um prêmio pelo trabalho executado…. Por mais justas e bonitas que possam ser essas leis, elas não dependem da gente. Logo, esperar que sejam cumpridas é preparar-se para sofrer as conseqüências terríveis do ressentimento.

Nunca devemos questionar o porquê das coisas acontecidas. É preciso ter maturidade suficiente para questionar: Para que isso? O que posso aprender com tudo isso? Como esse fato acontecido pode contribuir para que eu seja melhor, mais amadurecido e sereno? O que preciso aprender para sofrer menos?

Jogue fora esse dossiê. Ele é hoje seu maior inimigo. O dossiê é uma cadeia que nos prende e nos mata por dentro. O ressentimento instala dentro do coração o mal que está fora de nós. É preciso ter coragem de dar mais atenção e valor às coisas e pessoas boas, ao bem que as pessoas nos fazem.

(Artigo extraído do livro “Gotas de Cura interior”)

Autor: Pe. Léo -SCJ

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