Liberte-se para uma vida nova

Você já passou dias, semanas, meses e até anos carregando consigo sentimentos negativos em relação a pessoas ou situações? Creio que todos nós já passamos por isso alguma vez na vida. O mais interessante a observar é que sentir coisas “más” nos faz carregar um peso ainda maior do que a situação em si. Como cristãos, não admitimos alguns desses sentimentos, fazemos de conta que não existem. Um passo muito importante é assumir nossos sentimentos e a possibilidade de tocar nestas emoções e desabafar.

Mas de que forma eu posso fazer este desabafo?

O perdão é uma decisão, mas não apenas uma decisão simples: é um processo contínuo, que gera memórias, dores, ativa ressentimentos, e, acima de tudo, gera libertação. Libertamo-nos dos sentimentos maus para que o novo seja gerado em nós. Libertamo-nos para uma vida nova!

Esse tipo de sentimento, guardado em nosso interior, é como um alimento estragado na geladeira; aos poucos, contamina todos os outros produtos e deixa aquele cheiro mau. Imagine você assim, cheio de coisas estragadas dentro de si. Logo, as dores começam a aparecer, assim como doenças estranhas, sentimentos maus, humor deprimido. Esses são nossos “venenos emocionais”: venenos que nos entristecem e, consecutivamente, nos adoecem.

O venenoso não envenena apenas a si, mas também ao outro. Falar mal, difamar, reclamar, queixar-se, murmurar, tudo isso pouco adianta. Não cura nenhuma ferida, pelo contrário, abre outras.


Assista: “Exercícios práticos para a cura”, com o saudoso padre Léo, scj


Quando falamos para o outro sobre nosso sentimento negativo, corremos o risco de nos machucar ainda mais. Por isso, preparar o terreno para conversar é muito importante. Se não há condições para o diálogo, uma boa sugestão é escrevê-los [seus sentimentos] num papel, como numa carta que, muitas vezes, não será mandada. Isso funciona como forma de libertação.

Coloque, nesse papel, tudo o que gostaria. Escreva sobre as situações que o machucaram, sobre suas dores e dificuldades com aquela pessoa. Algumas pessoas gostam de jogar essa folha de papel num rio, outras de queimá-la, outras a levam à capela e oferecem, em oração, esses sentimentos descritos nela. Essas atitudes funcionam como meio saudável de superar essas dificuldades, sem que para isso você precise descarregar toda a raiva na outra pessoa.

Se para você é muito difícil escrever, poderá pensar nas situações em algum lugar de que você goste ou ficar recolhido e dizer a uma cadeira vazia, representando a pessoa de quem tem mágoa, tudo aquilo que você sente. “Mas, a pessoa não está ali” você pode pensar. O mais importante é que seus sentimentos sejam ditos. É o esvaziar-se daquele sentimento e ponto final. Faça isso com o desejo de se libertar pela última vez daquele sentimento negativo. Em geral, depois de fazê-lo, tendemos a iniciar o processo de perdão e esquecimento.

Muitas vezes, murmurar e se queixar só potencializam nossos “venenos” emocionais. E, então, nesta Páscoa, o que você deseja?

Ressuscitar para uma vida nova, liberta dos seus “venenos” ou manter-se no sepulcro escuro e repleto de amarguras? Faça a sua opção! Certamente, ela não será fácil, muito menos doce, mas, certamente, os frutos dessa escolha serão grandiosos!


Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro dos Santos é Psicóloga Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Colaboradora da Comunidade Canção Nova, reúne 20 anos de experiência profissional, atuando nas cidades de São Paulo, Lorena e Cachoeira Paulista, além do atendimento on-line para o Brasil e o Exterior. Dentre suas especializações estão Terapia Cognitivo-Comportamental, Neuropsicologia e Psicologia Organizacional. Instagram:  @elaineribeiro_psicologa