Afirma o Catecismo da Igreja Católica (27): “Somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar”. Nisso existe a evidência de que a grande busca do ser humano não está na possibilidade de dominar as coisas existentes neste mundo, nem mesmo na saciedade de nossas necessidades primeiras, mas em algo que venha revelar a verdadeira grandeza e essência de nós próprios, também revelando assim nossa sede do transcendente.
Felizmente, no íntimo e no significado de uma obra artística podemos vislumbrar, de alguma forma, O Ser Altíssimo, o Criador que tanto ansiamos, “pois é a partir da grandeza e da beleza das criaturas que, por analogia, se conhece o seu autor” (Sb 13,5).
O ápice da beleza está no amor de Deus por nós. Ainda que, nem tudo tenha cunho religioso e possamos apreciar coisas bonitas em todas as áreas, todo belo acaba por indicar O Seu Autor. Por isso devemos, mais do que nunca, nesse tempo de tanta modernidade e tantos meios que podem ser empregados, evangelizar por meio de algo que tanto fala ao coração das pessoas.
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Talvez, numa primeira lembrança, tenhamos até uma imagem amenizada do homem Davi, esquecendo-nos da sua capacidade de dominar e submeter adversários, devido às obras que ele deixou. Ele tocava arpa e era compositor. Grande parte dos Salmos, foi Davi quem nos deixou, ainda orações e cânticos inspirados.
Há um ditado celta que diz: “Nunca dê uma espada a um homem que não sabe dançar”. Ou seja, o homem deve ter motivações nobres dentro de si, antes de, se lhe for preciso, empunhar um objeto assim para lutar pela sua defesa e dos seus. E a arte ajuda a alimentar tal sentido.
Quantas vezes, nas coisas de Deus, Ele próprio pediu trabalhos artísticos? “Vede, o Senhor nomeou especialmente Beseleel. Encheu-o do Espírito de Deus, de sabedoria, habilidade e conhecimento para qualquer trabalho como fazer projetos, trabalhar com ouro, prata e bronze, lapidar pedras e engastá-las, entalhar madeira e executar qualquer tipo de obra de arte” (Ex 35,30-33).
O significado do esplendor da obra é que “estes estão a serviço daquilo que é a representação e sombra das realidades celestes, como foi dito a Moisés, quando estava para executar a construção da Tenda: ‘Vê, faze tudo segundo o modelo que te foi mostrado’ (Ex 25, 40)” (Hb 8, 5). Diante de toda mudança, nestes últimos tempos em que o ser humano tem necessidade da verdade, a evangelização pela arte se faz mais que necessária, ela é urgente!
Devemos desenvolver nossa criatividade, cada um com seu talento, sua habilidade, pois há muita coisa que já foi feita para roubar a verdadeira ‘imagem e semelhança’ do homem e da mulher através do que pode encantá-los. “Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” (Lc 16, 8).
Como são belos os pés do mensageiro! O Evangelho é belo por sua essência.