A importância do trabalho

O trabalho é uma grande terapia. Depois que o pecado entrou no mundo, Deus determinou que o homem ganhasse o pão de cada dia “com o suor do seu rosto”, não como castigo, mas como correção.

Você precisa trabalhar. Qualquer que seja o trabalho, sendo honesto, ele é belo aos olhos de Deus, porque com ele você está “cooperando com Deus na obra da Criação”. Não importa se o sua atividade consiste nos simples afazeres de uma doméstica ou nas complicadas tarefas de um cirurgião, que salva uma vida, tudo é importante diante do Senhor.

Para Ele importa apenas a intensidade do amor com que cada trabalho é realizado. Ele se tornará eterno na vida futura. Infelizmente, a maioria dos homens, mesmo muitos católicos, têm uma visão distorcida do trabalho, e, por isso, fazem de tudo para se verem livres dele. É um engano.

Para nos mostrar a importância do trabalho, Jesus trabalhou até os trinta anos naquela carpintaria humilde e santa de Nazaré. E para nos mostrar que todo trabalho é santo, qualquer que seja, Ele assumiu o trabalho mais humilde, o de carpinteiro, que era desprezado no seu tempo.

São Bento, de Nurcia, tomou como lema da vida dos mosteiros: “Ora et Labora!” (Reza e Trabalha!). “O trabalho não é uma penalidade, mas sim a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível” (Catecismo da Igreja Católica – CIC § 378).

“O trabalho é, pois, um dever: “Quem não quer trabalhar, também não há de comer” (2Ts 3,10). O trabalho honra os dons do Criador e os talentos recebidos. Suportando a pena do trabalho unido a Jesus, o artesão de Nazaré e o crucificado do Calvário, o homem colabora de certa maneira com o Filho de Deus na Sua obra redentora” (CIC § 2427).

Para todos nós, a primeira maneira de servir é trabalhando bem, já que é pelo trabalho que servimos aos outros. Sem o trabalho do homem não há o pão e o vinho que, na mesa Eucarística, se transformam no Corpo e no Sangue de Cristo. Sem o trabalho do homem não teríamos o pão de cada dia na mesa, a roupa, a casa, o transporte, o remédio, a cultura, etc. Tudo que chega a nós é fruto do trabalho de alguém; é por isso que o labor é santo e nos santifica quando realizado com fé, conforme a vontade de Deus.

São Domingos Sávio, aquele belo santo salesiano de 14 anos, dizia que: “Ser santo é cumprir bem os deveres e ser alegre”.

São Paulo ensinou como devemos trabalhar: “Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Colossenses 3,17).

É preciso notar bem esse “tudo quanto fizerdes”, nada fica de fora, nada é profano na nossa vida. Tudo deve ser feito “em nome do Senhor”, para dar graças ao Pai. “Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens. Sabeis que recebereis como recompensa a herança das mãos do Senhor. Servi ao Senhor Jesus Cristo” (Colossenses 3, 23-24).

Tudo o que fazemos deve ser feito “para o Senhor”. Não importa o que seja, se é grande ou pequeno, deve ser feito tendo o Senhor como o “Patrão”. Se você é lavadeira, então lave cada camisa ou cada calça como se o próprio Jesus fosse vesti-las.

Se você, cozinha, faça a comida como se o Senhor fosse sentar-se à mesa daqui a pouco, para comer essa comida. Se você é um pintor de paredes, pinte a casa como se ela fosse a morada do Senhor. Se você varre a rua, limpe-a como se o Senhor fosse passar… Se você é um aluno, estude a lição como se o professor fosse o Senhor Deus.

É isso que São Paulo quer nos ensinar quando diz que “tudo deve ser feito de bom coração, como se fosse para o Senhor, e não para os homens”. É claro que com essa “nova ótica”, você vai trabalhar da melhor maneira possível, com todo o talento, cuidado, dedicação, competência, honestidade, pontualidade… perfeição, porque o fará para Deus. Isso santifica.

Quando trabalhamos assim, em casa ou na rua, toda a vida muda de sentido e toda ela se torna perfeitamente sagrada, pois é vivida plenamente para Deus. É importante também notar o que São Paulo diz a seguir: “Sabeis que recebereis como recompensa a herança das mãos do Senhor”.

Que “herança” é essa que o próprio Senhor nos entregará? É a vida eterna, o céu, o prêmio, por você ter sido “fiel no pouco”. Isso mostra que cada minuto do nosso labor aqui na terra, vivido por amor a Deus, com “reta intenção” de agradá-Lo, se transforma em semente de eternidade. Podemos dizer que as gotas honestas de suor que você derramar, aqui na terra, serão recolhidas no céu. Daí a importância de não se perder tempo, não jogar a vida fora sem nada fazer.

O mundo é bom, porque foi todo ele feito por Deus. Foi o pecado que o desfigurou. Mas, pelo trabalho de cada um podemos restituir ao mundo a beleza, a bondade e a ordem com que Deus o criou. O trabalho é “a marca do homem na criação”, tornando-se um grande colaborador de Deus. O trabalho bem feito é um bom exemplo, por isso o cristão tem que realizá-lo com toda a perfeição possível, empregando todos os talentos.

Um mau trabalhador é um mau cristão. Um operário displicente é um mau cristão. É principalmente com o trabalho bem feito, exemplar, que brilhará a luz do nosso testemunho cristão diante dos colegas e Deus será glorificado.

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino