Carnaval

Acabou a euforia. E agora?

O carnaval passa rápido. Mas ainda que dure três dias, quando acaba pode deixar um sabor amargo

Os dias de carnaval são vividos de muitas maneiras. Alguns aproveitam para descansar no campo ou na praia, outros vão para os retiros espirituais etc. E há aqueles que caem, de fato, na chamada “folia”. Mesmo para estes, os dias de carnaval não são iguais. Alguns gostam de, como se dizia antigamente, “brincar o carnaval”, e são capazes de ir aos clubes ou sair em algum bloco carnavalesco sem perder a compostura, isto é, sem cair na droga, na bebida ou na sexualidade fácil e sem compromisso.

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Mas há outros que, infelizmente, fazem desses dias um tempo de liberação de todas as paixões desordenadas que “digladiam em nossos membros”, como dizia São Paulo. Esses, muitas vezes cansados de seus problemas de toda natureza, fazem desta festa dias de relaxamento e se entregam de corpo e alma às folias desregradas, regadas a bebidas, drogas, sexo etc. É claro que o fruto de tudo isso é ruim. O pecado gera tristeza. A virtude produz alegria na alma.

São Paulo fala muito claro desses pecados que matam na alma a graça de Deus: “Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes” (Rm 13,13). Deus não nos quer dominados pelos pecados, pois eles nos escravizam: “Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza… Nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disto, ações de graças. Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras! – terá herança no Reino de Cristo e de Deus. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites” (Ef 5,3-5).

Quando o carnaval termina, o que resta é a alegria? Nesses casos, não. A alegria é diferente do prazer. Este passa rápido, ainda que possa durar três dias; e quando passa, deixa sabor amargo. Sabemos que há muitas meninas que engravidam nesses dias, são enganadas e abusadas; depois, levam no ventre uma criança para gestar e criar. Sabemos a consequência de tudo isso. Não vale a pena. E quantos rapazes e garotas que se entregam à bebida e às drogas!

Acabada a folia, é hora de retomar o caminho da verdade e da vida, e Jesus nos aponta esse caminho. Se foi um tempo de devassidão, para quem é católico, é hora de pensar no que passou, confessar-se caso haja pecados e retomar a caminhada da fé.

Felizmente, temos agora um tempo de graça que a Igreja coloca para nós e o céu confirma: a Quaresma.

Nela, a Igreja nos aponta os “remédios” para uma alma adoecida pelo pecado: jejum, esmola e oração. Mas também leitura meditada da Palavra de Deus, confissão, Eucaristia, um terço de Nossa Senhora bem rezado, uma peregrinação, uma via-sacra. Enfim, são práticas que nos ajudam a vencer o pecado, a readquirir a graça de Deus e viver na Sua intimidade como Seus filhos amados.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino