Pós-parto

Por que algumas mulheres sofrem de depressão pós-parto?

Pós-parto: o que acontece no organismo para gerar a depressão? Conheça os sintomas e tratamentos

Quando olhamos um comercial com bebês lindos e mães felizes e realizadas na maternidade, amamentando, cuidando com tranquilidade de seus filhos, isso nos passa a sensação de que gerar uma criança é uma das coisas mais naturais e fáceis do mundo! Bom, quem passou por isso sabe que, na verdade, esse é um dos maiores desafios na vida de um casal.

O período pós-parto é extremamente exigente, com muita carga de aprendizado, imenso cansaço devido ao sono acumulado, dificuldades de adaptação à amamentação e fortes expectativas sobre a capacidade de cuidar do bebê.

Por que algumas mulheres sofrem de depressão pós-partoFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Além disso, as alterações no corpo da mulher são muito intensas, abalando-a física e emocionalmente. Em torno do quinto dia pós-parto, acontece uma queda hormonal importante, causando vontade de chorar e tristeza (Chamado Baby Blues). Tudo isso acaba gerando uma sensação de incapacidade, instabilidade emocional, que é comum a quase todas as novas mães. Mas, em cerca de 15% delas, esses sintomas podem se tornar mais fortes e duradouros, gerando também uma certa rejeição ao bebê e falta de desejo de interação com ele. Nesses casos, chamamos esse abalo psíquico-emocional de depressão pós-parto.

É difícil determinar os fatores que propiciam essa evolução do processo natural de esgotamento e adaptação à nova realidade para a depressão pós-parto. Já se sabe que as fortes expectativas durante a gravidez, a falta de suporte e de ajuda por parte do marido, e a própria tendência emocional da paciente são fatores importantes. Mas acho necessário mostrar que praticamente todas as mães passam por um período de abalo importante. A diferença está no grau e no tempo. O natural é que esses sentimentos se amenizem em duas semanas. E que, mesmo esgotada, a mãe sinta carinho e tenha capacidade de dar afeto ao bebê. Se os sentimentos ruins se prolongarem por mais tempo, e se isso estiver afetando o desejo de estar com o bebê, e até mesmo gerando sentimentos ruins em relação a ele (pensamentos de morte, de abandono, desejo de afastamento), é indispensável que se converse com o obstetra e, se possível, com o psiquiatra.

Depressão pós-parto é uma doença

É uma doença, precisa de diagnóstico e tem tratamento (feito à base de antidepressivos por um período). O atraso nesse acompanhamento pode trazer repercussões para o bebê, para a mãe e para toda a família. Aliás, o papel dos familiares é muito importante. A mãe precisa se sentir segura, entendida. Enquanto se espera que o tratamento dê resultados, os outros familiares precisam suprir as necessidades do recém-nascido, também emocionalmente, até que a mãe possa se restabelecer. Essa ajuda dos que estão próximos pode adiantar o processo de melhora. Se você está passando por esse período, eu a convido a ter a coragem de pedir ajuda. Seu médico e sua família podem ajudá-la. Fale com eles sobre seus sentimentos, e você verá que o tratamento pode aliviar essa grande dificuldade.

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Existe um tabu sobre a maternidade, como se toda mulher tivesse que nascer sabendo como cuidar de uma criança (além de muitos outros, como tipo de parto, amamentação…). Eu lhe digo, porém, que você não precisa saber tudo. Se Deus lhe confiou um filho, é porque Ele sabe que você é capaz de aprender a se relacionar com ele. É uma construção!

Uma mãe de verdade é feita no dia a dia, a cada interação com sua criança, a cada desafio enfrentado. Não se cobre tanto. É uma nova fase, onde tudo é novo e sua estrutura antiga foi jogada pelos ares. Não é fácil. Mas eu tenho a certeza de que Deus não nos dá nada que não seja o melhor. Se você se abrir e focar no que realmente é importante, verá que esse momento é um dos mais belos e ricos da sua vida. Você está aprendendo a amar como nunca antes, e terá a chance de entender um pouco mais o amor que Deus Pai tem por você.

Lembro que, quando meu filho nasceu, fiquei muito cansada e sem saber o que fazer. Tive o apoio do meu marido e da família. Mas quando eu, realmente, chegava ao limite, minha Mãe do Céu, Maria, sempre se tornava próxima, e eu via nela o exemplo de superação. Afinal, ela passou por isso, sendo uma jovem de 14-15 anos, longe de casa e da pouca estrutura que eles tinham preparado.