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Como alguém pode mudar a própria vida?

Tenho visto muitas pessoas querendo mudar de vida, esperando ansiosas por uma mudança, pois a vida delas não está boa. Às vezes, não conseguem o que gostariam, não conseguem ser quem gostariam; outras vezes, simplesmente não gostam da situação em que estão nem da solidão que sentem.

Tenho visto soluções muito diferentes e curiosas a essa ânsia de mudar de vida: vejo pessoas que pintam os cabelos, compram carros ou roupas, mudam de cidade ou de telefone, de namorado, e outras que até fazem cirurgias extremamente delicadas. No entanto, essas parecem ser “soluções” bem superficiais, que enganam, mas não resolvem nada.

Tenho visto também pessoas que esperam um milagre, que se voltam para Deus em busca da graça em suas vidas. São pessoas que demonstram já ter entendido que a mudança precisa ser mais profunda, precisa atingir o coração. No entanto, percebo que entre essas pessoas existem algumas que, literalmente, esperam que “caia do céu” o milagre que tanto aguardam. Muitas vezes, relacionam-se com Deus como se estivessem em um balcão de encomendas, dizendo: “Quero uma vida que me traga uma satisfação”; assim, delegam toda a responsabilidade ao Senhor. Fico preocupado com essa forma de se eximir da responsabilidade de fazer algo pela própria vida.

Foto Ilustrativa: by Getty Images / nuiiko

É possível mudar de vida, mas é preciso ter Deus como guia

Penso então: como alguém pode mudar a própria vida? O que buscar? Para onde ir? E considero: uma mudança, em primeiro lugar, pede a definição de metas. Acredito que todos buscam a felicidade, e lembro-me do que a Igreja ensina: o desejo que as pessoas têm de felicidade é, na verdade, saudade de Deus, que é a fonte de todo bem. Concluo então: Ele tem de ser a meta! Assim, talvez, essas pessoas possam entender que mudança é essa que elas tanto buscam; afinal, cada coisa que fazem as aproxima ou afasta de Deus.

Lembro-me, então, que talvez precisemos ser mais concretos. Afinal, nosso desejo de mudar de vida passa pelas nossas realidades: família, trabalho, amizades, namoro etc. Volto à minha pergunta: como pode alguém mudar sua própria vida tendo Deus como meta? Lembro-me de Francisco de Assis, o homem do último milênio. Ele foi alguém como nós, que também quis mudar de vida; e não apenas mudou sua vida, como também mudou a Igreja e abalou o mundo.

Francisco, em primeiro lugar, conheceu Jesus e O amou. Entregou-se a Deus e ao Evangelho de uma forma perturbadora e admirável. No entanto, não esperou uma mudança “cair do céu”; ele a buscou incessantemente ao longo de toda a sua vida. Abandonou-se, mas seu abandono foi sinônimo de dar passos firmes, de lançar-se, e não se acomodar. São Francisco buscou a Deus e viveu o Evangelho. Buscou mais compreender que ser compreendido; mais dar, que receber. Amou!

Ele sabia se seus passos eram os certos? Nem sempre! Tinha certeza do que fazer? É possível que tenha se questionado até seu último momento! Mas também mantinha vigília diária nas suas intenções e motivações. Vigiou seu coração: não lhe interessava o que viesse a acontecer, contanto que estivesse em Deus e com a Igreja. Foi obediente e ousado.

Abandonar-se em Deus

Viver o abandono em Deus é a resposta ao nosso desejo de mudança. Contudo, abandonar-se não significa ser passivo. Talvez, seja o nosso momento de amar mais que sermos amados, compreender mais que sermos compreendidos. Talvez, seja a hora de dar um abraço naquela pessoa tão difícil, mas tão amada! Talvez seja hora de parar um pouco e escutar o que o outro tem a dizer, tempo de dar e pedir perdão! Há quanto tempo falta tempo para a família? Qual é a iniciativa necessária para mudar hoje? Qual o gesto de afeição necessário para o próximo (pai, mãe, amigo, vizinho e namorado)?

Abandonar-se também implica dar passos, sabendo que Deus não só corrige o passo dado como pode corrigir até o caminho. Só precisamos manter a docilidade para acolher as correções que virão.

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Os milagres acontecem, e realmente caem do céu, mas talvez Deus esteja esperando a hora certa de nos dar esses presentes que não apenas nos alegram, mas que também nos ensinam qual é a fonte de toda a felicidade.

Cláudia May Philippi e Kleuton Izidio B e Silva
Psicólogos

 

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